terça-feira, 10 de outubro de 2017

Lembrando o Papa Bom

Foto de João António Pinheiro Teixeira.
A Igreja católica celebra neste sábado, 11 de outubro, a festa litúrgica de São João XXIII, canonizado no dia 27 de abril de 2014.
Pela idade com que foi eleito Papa, as pessoas pensavam que seria um Papa de transição. Mas enganaram-se, porque o "Espírito sopra onde quer e como quer."
João XXIII esteve na origem do maior acontecimento eclesiástico so séc. XX. Convocou o Concílio Ecuménico Vaticano II que se iniciou em Roma faz hoje 55 anos.
A morte não lhe permitiu continuar e encerrar o Concílio, tarefa que caberia ao seu sucessor, Paulo VI (o 1º Papa a visitar Fátima).
A propósito da inauguração do Concílio, vale a pena ler o chamado "Discurso da Lua" que, na noite de 11 de outubro, dirigiu à multidão na Praça de S. Pedro - aqui.


Admiração especial por este grande Papa
O "Papa Bom", como ficou conhecido, foi admirável como ser humano,  cristão e Papa.
Para ele, todos, incluindo os ateus, eram filhos e irmãos. A justiça sempre o preocupou e mobilizou.

Conta-se que, um dia, terá perguntado a um trabalhador como ia a sua vida. Ele respondeu que ia mal. Então, o Papa garantiu que ia tratar do assunto.

Houve, no entanto, quem objectasse que, aumentando o salário aos trabalhadores, teria de haver um corte nas obras de caridade.

Resposta pronta do Pontífice: «Então é o que teremos de fazer. Porque a justiça está antes da caridade».

São estas atitudes que definem uma vida. E fazem com que as pessoas que as tomam brilhem.
João XXIII teve a preocupação de reconciliar a Igreja com os tempos actuais.

A Igreja devia pôr-se ao dia - eis o que ele queria dizer com a conhecida palavra aggiornamento.
Escrevia em 1947: «Em casa, tudo vai bem. A paciência ajuda-me nos meus defeitos e nas minhas imperfeições e dos que trabalham comigo. O meu temperamento e a minha educação ajudam-me no exercício da amabilidade para com todos, da indulgência, da cortesia e da paciência. Não me afastarei deste caminho».
«Não há nada mais excelente que a bondade. A inteligência humana pode procurar outros dons eminentes, mas nenhum deles se pode comparar à bondade». E, atenção, «o exercício da bondade pode sofrer oposição, mas acaba sempre por vencer porque a bondade é amor e o amor tudo vence».
Passados uns dias da sua eleição, João XXIII anota no seu diário: «Esta manhã devo receber cardeais, muitos príncipes e membros importantes de governos. Mas, de tarde, quero passar alguns instantes com homens comuns. que não possuam nenhum título nem nenhuma dignidade senão a de serem seres humanos e filhos de Deus». E é neste espírito que, um dia, se dirige a operários e a agricultores: «Não viestes ver o filho de um rei nem de um imperador nem de um grande deste mundo, mas um padre que, filho de gente pobre, foi chamado pelo Senhor para carregar o peso do pontificado supremo».
São João XXIII. É difícil encontrar alguém com uma humanidade tão santa. E com uma santidade tão humana!


Respeito por todos os Papas. Admiração por muitos que estudei e conheci. Uma admiração muito especial pelo "Papa Bom".
Um coração cheio de Deus. Um coração apaixonado pela pessoa humana. Por isso o Papa João XXIII lembra um lenteiro ensopado de Deus que mata a sede ao homem.
São João XXIII, rogai por nós!



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