Comíamos num restaurantezinho. Chegara a hora do café e duas pessoas pediram como acompanhante do mesmo "duas meias velhinhas" (Aguardente velha). A pessoa que servia perguntou pelo tipo de aguardente velha e um dos presente acrescentou na galhofa "virgem".
A rapariga, uns minutos depois, olha para a nossa mesa e diz de trás do balcão: "Virgem aqui não há!"
Na mesa ninguém mais calou os queixos, risota pegada, boa disposição, graçola atrás de graçola...Ao ver a festa, a dona do restaurante, há muito conhecida de alguns dos presentes, aproximou-se. Também ela era uma pessoa bem-disposta, por isso alinhou na brincadeira que se prolongou por largos minutos.
Foram momentos fantásticos, sem ofender ninguém nem ordinarices. Festa mesmo.
Ao sairmos, a dona do restaurante perguntou a uma senhora que estava connosco e sua velha conhecida quem era "aquele senhor, já careca, que estivera à cabeceira da mesa e que se rira com tanta vontade". Ao ser-lhe comunicado que era padre, a senhora olhou para todos os lados à procura de um buraquinho para se enfiar. Depois veio ter comigo, com os olhar baixo, envergonhada e soletrou: "Desculpe!"
Ocasião para uma boa e agradável conversa a dois. Fiz-lhe ver que a sã alegria é um extraordinário dom de Deus, que um santo triste é um triste santo, que não magoáramos ninguém nem recorrêramos a ordinarices.
Pois, eu sei, disse a senhora. Mas estou habituada a sentir-me mais à vontade com padres novos, pois todos os que conheço são bem-dispostos. Já os padres velhotes (desculpe falar assim) acho-os carrancudos, distantes, mal-humorados...
Só sei que nos despedimos com boa disposição e a senhora ficou satisfeita.
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