O acidente de viação que há poucos dias vitimou e feriu alguns turistas portugueses a caminho de TETUAN (Marrocos) fez-me reflectir sobre a viagem da vida.
A vida é efectivamente uma viagem mais longa, menos longa, mais bela, menos bela, mais alegre, mais triste.
Certo indivíduo gostava imenso de viajar de avião. Marcava sempre o seu lugar junto de uma janela. Encantava-se ao ver o avião subir, furar as nuvens, enfrentar o sol nascente, ver o mar imenso, montanhas alterosas, jardins deslumbrantes. Extasiava-se com o panorama que descobria, com a beleza que seus olhos captavam. Depois da aterragem saía lentamente sem correr para as escadas.
Mas a sua vida profissional evoluiu e teve de viajar diariamente de cidade para cidade, de país para país. A profissão enriqueceu-o, mas mudou-lhe a vida: tirou-lhe o mundo belo oferecido através da janela do avião.
Tinha de sair do avião correndo para entrar noutro. Começou então a marcar o seu lugar na fila central para ser dos primeiros a sair. A vida passou a ser-lhe sem graça, sem prazer, sem beleza. Uma vida monótona, corrida, sem poder contemplar a beleza inesgotável que aquela janela lhe proporcionava.
A vida é realmente uma viagem com muitas janelas para observar o mundo e colher momentos felizes. Mas muitas vezes sem tempo para olhar pelas janelas da família, dos amigos, dos companheiros. Para muita gente é uma corrida desabrida, sem pausas para reflectir, para orar, para sorrir, para servir, para amar.
Se a nossa vida se transformou numa corrida doentia atrás do dinheiro, do poder, da glória, transformou-se numa viagem acidentada e triste.
Vale a pena um esforço para viver serenamente de janelas abertas para a beleza criada por Deus para sermos felizes.
Mário Salgueirinho
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