sábado, 18 de setembro de 2010

Taparam os pobres com as vitórias dos ricos

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social defendeu na última quinta-feira, em Fátima, que "só uma revolução na mentalidade dos gestores e dos agentes políticos" provocará uma "mudança profunda do estilo de vida" e "implicará compromisso comunitário".

Durante a homilia da missa que encerrou a XXVI Semana da Pastoral Social, Carlos Azevedo lembrou as reflexões feitas ao longo dos últimos três dias, onde os 500 participantes olharam "para a condição pecadora da sociedade".

"Somos solidários no mal moral ou no pecado. Pode parecer estranha a expressão 'solidariedade do mal', mas é poderosamente verdadeira", disse o responsável, adiantando que "todo o corpo social é afectado pelo assédio da maldade, sem respeito pelo bem comum, insensível aos pobres".

Para D. Carlos Azevedo "o pecado social fere sobretudo os pobres e excluídos, chegando a destrui-los como pessoas". Aliás, "a gravidade do pecado pessoal pode medir-se pela intensidade dos seus vínculos com o pecado social", sustentou.

Romper, por isso, com o "pecado do mundo", lutar contra o mal "é caminho de conversão", frisou o responsável. "Fomos educados no pecado de não 'ver isto'. Taparam os pobres com as vitórias dos ricos. A sede de triunfo particular envenenou o ambiente, debilitou em muitos corações o serviço humilde dos outros".

Para o bispo auxiliar de Lisboa "superar o pecado, seja dos drogados ou dos banqueiros, só acontece por um encontro que aproxime do dom, chegue à delicadeza do perdão, converta o interior e transforme a posse em dádiva".

"Não podemos inibir-nos" alertou Carlos Azevedo, adiantando que à Igreja resta opor-se "com energia sempre refeita, ao pecado do mundo, na sociedade portuguesa e em cada um de nós, para construir a solidariedade da graça, o dar-se de verdade".

"Teremos de inovar caminhos para muito coesos, ir ao encontro de soluções justas e dignas" defendeu o bispo.

In Jornal de Notícias

2 comentários:

  1. É, concordo com tudo o que está expresso nestas afirmações. No entanto, acho que falta um facto importante, a consequência, que se chama cruz em forma de exclusão quase completa quando não damos a mão e denunciamos o "pecado do mundo". É só porque não basta querer, é preciso realmente fazer e é bom que quem age ou está a pensar agir contra esse pecado, esteja consciente de que se tornará um alvo a abater, tal como Jesus Cristo! Serão chamados de "utópicos, irrealistas, crentes, não viventes(no sentido de não saber viver com todos e mais alguns)...Serão privados de sorrisos(ou têm-nos amarelos), de compreensão e, sobretudo, vão incomodar. Portanto, em linguagem informática, é um item a apagar! Em contra corrente, eu já topei...e tu, topas?

    ResponderEliminar
  2. Será muito difícil lutar contra o espírito do mundo desta gentalha que se apoderou do nosso Portugal.
    Só refocilam na matéria (hedionda e fétida), nos prazeres e na luxúria.
    A única personalidade que poderia ser contra-corrente, e que deveria já ter dado um grande murro na mesa, seria o PR. Mas este, infelizmente, parece que vendeu a alma ao diabo: só lhe interessa uma segunda eleição (para ficar na pobre história dos últimos anos? para exibir, como glória, aos seus descendente?), pouco se importando com a sorte e a desgraça dos infelizes, que aumentam a cada dia que passa...
    Volto a perguntar, como Cícero perante o forum, acusando Catilina: "Quousque tandem abutere... patientia nostra...?!"

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.