“O clero é o obstáculo número um à sinodalidade” porque “não quer perder o poder”, considera o teólogo e padre jesuíta chileno Jorge Costadoat, numa entrevista de fundo publicada pelo site do Instituto Humanitas da Unisinos, na qual defende também uma “dessacerdotalização” da Igreja Católica, no contexto pós-sinodal.
“O Vaticano II, no decreto Presbyterorum ordinis, quis colocar as coisas no seu devido lugar. Ele deu aos ministros a missão prioritária de anunciar o Evangelho. Para tanto, ele reordenou os tria munera (os três serviços ministeriais) nesta ordem: profeta (da Palavra), sacerdote (dos sacramentos) e rei (liderança ou governo). Além disso, ele queria que os ministros fossem chamados presbíteros como se fazia na antiguidade e não sacerdotes (palavra que nunca é usada no Novo Testamento para ministros e que, por outro lado, deixa a porta aberta para reeditar o sacerdócio do Antigo Testamento que, de acordo com o Fardo sobre os Hebreus, Jesus revogou)”.
O que aconteceu, sublinha Costadoat, é que “poucos anos após a sua promulgação, esta reforma tão importante foi deitada ao lixo. Já o primeiro documento importante sobre a formação do clero, em 1970, cinco anos depois do Presbyterorum ordinis, chamava-se Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis. As Ratio nacionais seguiram esse padrão até hoje. Em poucos anos voltamos ao ‘homem sagrado’ que inspira o medo sagrado, que estabelece distâncias com o mundo e as pessoas, que se veste de maneira diferente, que carrega na sua psique uma cisão entre a perfeição que deveria representar e a imperfeição que esconde”.Leia aqui
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