segunda-feira, 18 de novembro de 2024

A morte é a curva da estrada

A morte é a curva da estrada,

Morrer é só não ser visto.

Se escuto, eu te oiço a passada

Existir como eu existo.

 

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
Fernando Pessoa

Faleceu o Pedro, desculpem, mas eu digo como acredito: o Pedro partiu para os Braços do Pai. Muito novo, tinha apenas 38 anos. Partiu após um doença  que cravou garras na sua vida e com a qual travou aceso combate durante estes últimos anos, sempre com apoio indomável de seus pais, irmão e restante família. Contou também com uma equipa hospitalar  que dignificou aquele estabelecimento de saúde. A maldita doença aparentemente venceu. Mas penso que, perante a magnitude de alma e a postura serena e superior do Pedro, a abútrica doença deve ter-se refugiado no mais fundo abismo, esmagada e corroída de remorsos pela sua triste figura.
O Pedro nasceu quando ainda era pároco da sua terra natal. Mais tarde, foi meu aluno na Escola Básica e Secundária que ele frequentou. Integrou o grupo de Escuteiros desta Paróquia, tendo sido a minha pessoa que ele escolheu para padrinho quando fez a sua promessa de escuta. Além disso, existia e existe um laço de boa amizade com os pais do Pedro. 
Era uma pessoa simples, discreta, de  sorriso franco e alegria contagiante. Inteligente e perspicaz, foi sempre bom aluno.
Terminado o curso superior, envolveu-se em várias atividades do seu ramo, mormente ligadas à investigação, vendo reconhecido o seu mérito e competência pelas entidades com as quais colaborou. 
O Concelho de Tarouca, que tem reconhecido os naturais que se  notabilizaram nas várias áreas de atividade,  deve uma palavra ao Pedrito. É uma questão de verdade e coerência.
Fica-me na alma o sofrimento dilacerante que emanava dos seus pais no último adeus ao filho. Mas serenos, muito serenos. Acreditem que é o sofrimento que mais mexe com a alma. Penso que só a fé daqueles pais foi capaz de os revistar de tamanha serenidade na dor. 
Quando soube da passagem deste mundo para o Pai, perguntei ao Senhor: "Meu Deus, tanta vez te falei do Pedro e pedi para ele a abundância da Tua sábia misericórdia... Afinal..."
Acabei a dizer a mim mesmo: "Parvo! Deus  ama muito mais o Pedro do que os pais, a família, os amigos. Embarca no projecto de Deus."
Descansa, livre, sereno e feliz, nos Braços de Deus. E, pertinho do Coração do Pai, coloca lá as intensões dos teus pais, irmão, família e amigos.
Até já, amigo! 

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