terça-feira, 3 de novembro de 2020

Parece que nunca saiu da adolescência

 


É um jovem educado e correto. Já não tem propriamente 18 anos, mas nos seus 29 anos ainda é um jovem/adulto.

Terminou Universidade e lançou-se no mundo do trabalho. Após uma experiência como pequeno empresário que não correu propriamente bem, arranjou um emprego. Ora se sente bem, se julga importante e reconhecido pelo trabalho, ora se sente insatisfeito, revoltado porque não vê reconhecido o seu valor tanto a nível salarial como laboral e social

No âmbito amoroso, as suas relações fazem-se e  desfazem-se como baralhos de cartas. Tanto se apaixona perdidamente, como logo depois se cansa, se desilude, a relação termina. 

Nas amizades a mesma coisa. Tanto mete uma pessoa no coração como de repente desaparece, não liga, não quer saber.

Ele teve  uma ligação grande à Igreja, comprometida,  empenhada. Também esta foi largada. 

Em tudo  o que não deu certo ou corre menos bem, a culpa é sempre dos outros. Por este motivo ou por aquele. Os outros é que falham. 

Parece que nunca saiu da adolescência, continua nos 16 anos. O limite do mundo é o seu umbigo. Detesta que lhe chamem à atenção seja para o que for. Julga-se o maior. Embebeda-se da futilidade em que vive.

Tanto se empolga por um ideal, uma ideia, um projecto como logo a seguir esmorece e volta a velhos hábitos. E isto a um ritmo alucinante...

Apenas um exemplo desta sociedade líquida onde o estofo interior, a força de vontade, a coragem para assumir erros, a determinação de ir até ao fim, a perseverança, o assumir de valores... estão ausentes. Ficam apenas a futilidade e a superficialidade que encharcam e devoram vidas.

Que todos os "eles" e "elas" deste mundo entrem em si, cresçam e se decidam. Para sua realização e para o bem da sociedade

1 comentário:

  1. Realismo contundente o deste post. Jovens adultos que nunca saíram da adolescência é o que não faltam. Fechados em si mesmos, alérgicos a qualquer chamada de atenção, orgulhosos, funcionam em sistema bipolar. Tanto se sentem no cume da montanha como logo a seguir se sentem no fundo do poço. Como egocêntricos, não sabem reconhecer nem agradecer o que que lhes é feito.
    Meus votos para 2021: Que as crianças seja crianças; que os adolecentes seja adolescentes; que os jovens sejam jovens; que os adultos sejam adultos.
    Horácio Gouveia, Coimbra

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