terça-feira, 17 de março de 2020

Em Santa Helena, rezei por vós!



 Tarde deste dia. Meti-me no carro sozinho e fui até Santa Helena.
Senti a necessidade de colocar no coração de Deus, diante das venerandas Imagens da Senhora das Dores e de Santa Helena, esta trágica situação epidémica  que assola o mundo.  De pé diante dos problemas e desafios, de joelhos diante de Deus. Onde se experimentam  os limites do homem, aí começam as possibilidades de Deus.
De Teixelo a Santa Helena, ida e volta, apenas me cruzei com um carro. E durante as 2 horas que lá passei, não me apercebi de qualquer movimento. O tempo estava muito desagradável na Serra. Mas esta continua, como sempre, a ser a bela catedral natural onde ecoa belamente o silêncio falante Deus.
 
Entrei no templo, fechei a porta e, após um tempo de saudação e intimidade, preparei as coisas.
Em tempo quaresmal, comecei com a Via Sacra. No rasto dos passos da Paixão do Senhor, vi as dores, angústias e aflições que atinge a humanidade na hora presente.
Seguidamente rezei o Ofício de Leitura. Depois a Santa Missa.
Na homilia, sentei-me. Como meditação, um  belo texto de São Pedro Crisólogo que começava assim: "Há três coisas, irmãos, pelas quais se confirma a fé, se fortalece a devoção e se mantém a virtude: a oração, o jejum e a misericórdia". Deixei que Deus me falasse. Orar é antes de mais saber escutar o Deus que nos fala ao coração.
Escolhi a Oração Eucarística II. Foi um momento muito mais longo do que habitualmente e que me envolveu imenso.
"...e Vos damos graças…"
- Pelo Vosso amor sem limites. De tal maneira amastes o mundo, Pai  Santo, que nos deste o Vosso Filho, rosto e testemunha da Vossa misericórdia;
- Por Jesus, nosso Salvor, que por nós e por nossa salvação, aceitou voluntariamente a morte;
- Pelo dom do Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e nos conduz nos caminhos da fé, da esperança e do amor;
- Pela Igreja ao serviço do Reino de Deus, que corajosamente, embora de coração sangrante, suspendeu a Eucaristia comunitária neste tempo de epidemia em prol de um bem máximo que é a defesa da vida;
- Pelo trabalho, esforço e entrega dos profissionais da saúde que, nesta hora, se expõem e vão até à exaustão para cuidar dos doentes;
- Pelos bombeiros, agentes de autoridade e aqueles que, mesmo temendo ser contaminados, levam por diante aquelas tarefas que asseguram os serviços básicos às populações e o fornecimento de alimentos, medicamentos e valem a outras necessidades;
- Pelas populações que, maioritariamente, estão a acatar as regras que todos temos que cumprir nestas circunstância;
- Pelo esforço de cientistas e investigadores em prol de uma solução que leve à cura;
- Pela esperança que nunca deixais morrer no coração das pessoas e dos povos.
"Lembrai-Vos também dos nossos irmãos que morreram na esperança da ressurreição…"
- Todas as vítimas do coronavirus que já faleceram;
- As almas do Purgatório;
- Cada falecido das Paróquias  de Tarouca e Almofala;
- Os nossos familiares, amigos, benfeitores e conterrâneos que já partiram deste mundo;
- Aqueles que já morreram e pelos quais nunca ninguém reza…
"Tende misericórdia de nós, Senhor…"
- De todos os infectados por este monstruoso virus. Assiste-os, defende-os, cura-os!
- De todos os que lutam contra esta peste: médicos, especialistas, técnicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, voluntários, polícias, bombeiros e os que prestam serviços necessários à população. Dá-lhes sabedoria, coração, paciência, fortaleza. Livra-os do contágio. Guia as suas acções.
- De todas as famílias que têm doentes  virais. Acode às suas angústias, incertezas, temores e desesperanças. Sê, Senhor, o Cireneu destas horas!
- Das pessoas que por fanatismo, por desleixo ou por presunção não estão a aceitar as orientações que visam proteger a vida, primeiro bem.
- Pelas autoridades do Estado e pela administração para que, sob o Espírito de sabedoria, ponham em marcha as deliberações aconselhadas em cada momento. Que sejam esclarecidos e decididos. 
- E como a caridade começa em casa, livra, Senhor, as pessoas das paróquias de Tarouca e de Almofala desta terrível doença. Protege-nos, Senhor! Defende-nos, Senhor! Abençoa-nos, Senhor!
- Lembra-te, Deus amigo e misericordioso, da minha família, amigos e benfeitores. Coloco-os no teu coração de Pai.
 
Terminada a Eucaristia, já com um casaco sobre a alva por causa do frio que se fazia sentir na capela, rezei o terço. A mão de Maria está sempre disponível para nos levar a Jesus. E levar-nos a Jesus é a sua alegria.
Falei de mim a Maria Santíssima, das minhas paróquias e suas gentes, dos problemas e desafios, da mundo atual, dos sonhos, projectos e necessidades. E especialmente deste medonho coronavírus, com todo o cortejo de sofrimentos, dores, angústias e necessidades.
Pedi a Nossa Senhora que as pessoas deste tempo, à luz da  limitação por todos sentida, descubram que só Deus é o absoluto, que regressem a Deus, pois só n'Ele se encontra o sentido último da vida.
 
Porque estamos quase na Festa de São José, patrono da Igreja, dos homens que são pais e da famílias,
pedi ao homem simples, justo e santo que defenda as famílias, os pais e a humanidade como defendeu e ajudou o Jesus Menino, especialmente nesta hora de angústia.
 
Depois de ter colocado no coração da MÃE, toda a situação atual, fechei a porta e regressei. Mais sereno e confiante. Até porque a "Deus tudo é possível". N'Ele reside a esperança nova. A morte não tem a última palavra, pertence à vida!
Ele nos fará ressuscitar da paixão e do sepulcro do coronavírus!
 
Intercede por nós, Santa Mãe!
Defende-nos, Santa Helena!

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