Era o padrinho do noivo. Era a pessoa que se encontrava mais perto do noivo na hora da comunhão que distribuí nas duas espécies, a espécie do pão e a espécie do vinho. Eh lá, não mames tudo, disse, que é como dizer ‘não bebas tudo’. Não me recordo se também disse para deixar para os outros. Talvez tivesse dito. É comum a observação. Mas distraí-me nas palavras. Era o padrinho do noivo. Típico padrinho que é apenas um amigo dos copos. Serve bem como testemunha, é certo. Os padrinhos de casamento são apenas testemunhas do casamento. Assinam como testemunhas. Não têm, portanto, senão que testemunhar que o acto aconteceu. Não precisam requisitos especiais. Mas dizer isso no meio da cerimónia de casamento, em voz audível o suficiente para que alguns se deixassem rir, e enquanto o noivo comunga o Sangue do Senhor, é o mesmo que banalizar toda a cerimónia ou transformá-la num acto de aparência e de adorno de festa. Por mais engraçado que tenha sido. Por mais cool que tenha sido. É transformar a comunhão do Senhor, na espécie do vinho, em mais um copo numa noite de copos. É transformar a Última Ceia numa Tainada à boa maneira do norte.
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