sábado, 1 de setembro de 2018

FRANCISCO, ESSA DESILUSÃO!"

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Francisco, em pouco tempo conseguiste decepcionar a todos!
Decepção convertida, primeiro, em ressentimentos escondidos e, agora, em ataques à vista de todos! Permeados de calúnias, mentiras e suspeições.
 
 Alguns Cardeais que te elegeram estão agora arrependidos e decepcionados. Pensaram e acreditaram que tu serias um homem bom, de "transição", "diplomata", incapaz de "levantar ondas" nesta Igreja mascarada e ainda tão desviada do sonho de Jesus de Nazaré!
Queriam um tempo de falsa serenidade diante dos escândalos que avassalam a Igreja; desejavam e apostavam na teimosia de uma falsa unidade e de uma mentirosa santidade!
Nunca imaginaram que tu tivesses a intenção e a ousadia de reformar a Cúria Romana, de eliminar os seus privilégios e de condenar abertamente as mundanidades e vaidades dos denominados "Príncipes da Igreja"!
Sedundarizaste o “poder” das mitras bafientas e dos solidéus com odor de naftalina.
A tua postura, os teus gestos, o teu estilo de vida, marcado sempre pela humildade e pela simplicidade, é uma afronta a tantas eminências e prelados pomposos, faraónicos, cheios de si mesmos e encerrados e escondidos debaixo das suas misógenias.
Decepcionaste-os com a tua simplicidade, o teu sorriso, a tua proximidade e o teu abraço aos mais pobres e fracos deste tempo. Eles que teimam em privilégios, honras e mordomias! Eles, tantos, que se serviram e servem da Igreja em vez de a amar e servir até ao sangue!

 
 Os Bispos de "carreira", também eles estão decepcionados e desiludidos! Esses tantos que vivem longe do povo, instalados nos seus palácios episcopais, alheios à vida das suas ovelhas, que buscam mais e mais prestígio e glórias do mundo, sentem-se ameaçados! Tu convida-los a serem "pastores com cheiro a ovelhas"... que horror!!! Que decepção!!!

 
 Quantos Padres também eles desiludidos contigo, Francisco!
Sentem-se "estrangeiros" na Igreja! Criados e formados para o estrito cumprimento de ritos, preceitos, regras e doutrina, agora não sabem como fazer e como viver ao ver-te rasgar horizontes, a construir pontes, a semear diálogo...
Sempre viveram na convicção de que eram mais importantes e "valiosos" que as outras pessoas e agora vens tu, Francisco, desafiá-las a baixar-se, a colocarem-se ao serviço dos outros, dos pobres, dos "últimos".
Que horror e que desilusão! 

 
 Desiludidos estão também muitos leigos que viviam a fé e a pertença à Igreja como forma de auto-promoção e como caminho de pseudo-superioridade. Sentem-se perdidos porque os chamas à missão, eles que estão acomodados às vénias e aos "améns" eclesiásticos como forma de se evidenciarem e daí tirarem dividendos! Eles que sempre dizem amém desde que sejam potenciados os seus egos!
 
Felizes, alegres, esperançados, estão os pobres, os humildes, os desesperados, aqueles que choram, os sem tecto e sem pão, sem trabalho nem dignidade.
Felizes e alegres estão esses tantos que foram ostracizados, silenciados, marginalizados, pelo rigorismo religioso e eclesiástico, pelos que são apóstolos mais do Direito Canónico que do Evangelho de Cristo.
Acreditam agora que também eles têm lugar no coração de Deus e no seio da Igreja. Crêem agora que a fé não é domínio e privilégio de uns quantos mas sim dom a quantos se aventuram e entregam ao amor e à misericórdia.
 
Que desilusão, Francisco, para os poderes instalados, as mordomias eclesiásticas e as diplomacias clericais! Que desilusão para quem defende - seja qual for o preço - o clericalismo como catapulta de sobranceria! Esses que alimentam essa lacra da Igreja deste nosso tempo.
 
E que benção para a liberdade que o Evangelho comporta, a ternura que Deus é, a esperança que pode renascer em cada coração!
Obrigado, Francisco, por desiludires e por seres vez e voz dos "silenciados"...
 
 Pe António Teixeira (Adaptado)

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