A tradição de impor as
cinzas vem da Igreja primitiva. Naquela época, as pessoas colocavam as cinzas
na cabeça e apresentavam-se, diante da comunidade, com um “hábito penitencial”,
uma espécie de saco de sarapilheira, dispostas a cumprir uma penitência em
reparação dos seus pecados graves; cumprida a penitência, regressavam na
Quinta-Feira Santa, antes de iniciar o Tríduo Pascal, para receber a graça da
reconciliação, voltando à paz com Deus e com a Igreja. A Quaresma adquiriu assim
um sentido penitencial, para todos os cristãos, por volta do ano 400, e, a
partir do século XI, a Igreja de Roma passou a impor as cinzas no início deste
tempo da Quaresma a todos os fiéis, porque todos somos penitentes. A cinza é,
portanto, um símbolo e não apenas um gesto puramente exterior; a Igreja
conserva-o, como sinal da atitude do coração penitente que cada batizado é
chamado a assumir no itinerário quaresmal. A cinza, como sinal de humildade,
recorda ao cristão a sua origem e o seu fim: «És pó e ao pó voltarás» (Génesis
3,19). É assim que começamos a Quaresma. Ela convida-nos a entrar em nós mesmos para
nos mergulhar, nas fontes da vida e da alegria, que jorram do lado aberto de
Cristo Crucificado, morto e Ressuscitado.
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