segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Vamos ter um governo de esquerda?
Nada percebo de jogos, estratégias, métodos e jogos políticos. Mas como cidadão, preocupa-me o bem comum, o interesse do país, o bem-estar dos portugueses. Com a CEP partilho "a 'preocupação' de todos os que querem o “bem do país”, deixando votos de que “se procure que aconteça a estabilidade governativa, naturalmente com a toda a responsabilidade daqueles que vão assumir o Governo”.
No plano democrático, não receio um governo de esquerda. Há velhos papões que já não papam nada. Os tempos mudaram e a situação é diferente. Não concordo com muitas intervenções de partidos da direita que continuam a "ghettizar" o PCP e o Bloco como se ainda vivêssemos em 1975, quando esquerda e direita mutuamente se "ghettizavam".
Estamos em 2015 e a situação é outra. O PCP e o BE são partidos perfeitamente enquadrados no nosso sistema político e agem dentro das regras democráticas e constitucionais.
Isto não quer dizer que concorde com o ideário desses dois partidos. Nada disso. Em muitas coisas divirjo profundamente, a começar pela sua matriz ideológica.
Mas o fato de não temer minimamente um governo de esquerda, não me deixa sossegado em relação ao futuro do país. Como irá reagir a União Europeia de que somos parte integrante? Como irão reagir os credores? Qual a postura dos empregadores nacionais? E os investidores estrangeiros, como se portarão? Como vai ficar a nossa dívida externa? E se o descontrolo das contas públicas obriga a nova intervenção externa com todo o cortejo de sofrimentos que muito bem conhecemos? E a subida de impostos provocada pela despesa social?
Temos o caso do Syriza, na Grécia. Depois da radicalização inicial com inevitáveis confrontos com a Europa, houve novas eleições. Agora o Syriza, despido dos elementos mais radicais que se afastaram, voltou a ganhar as eleições. Mais realista, o governo grego está a encontrar pontos de convergência com a Europa de que faz parte. Há quem fale num Syriza social-democrata...
A coligação PSD-CDS venceu as eleições com maioria relativa. A possibilidade do próximo Governo vir a ser formado pelos partidos da esquerda parece estar a ganhar fôlego. Se acontecer, será uma novidade em Portugal. Mas na Europa há vários exemplos de governos liderados por partidos que não ganharam as eleições. Dinamarca, Luxemburgo e Bélgica são alguns exemplos. Por sinal, países pequenos como o nosso, embora com um nível de vida muito superior.
Ninguém dá o que não tem. O problema dos partidos de esquerda é querem dar o que não há para dar. Muita ênfase na distribuição da riqueza e menor preocupação com o aumento da riqueza nacional, investimento produtivo, incentivo ao patronato. Só uma economia progressiva permitirá melhor distribuição da riqueza.
Claro que não acredito no coletivismo, estilo Coreia do Norte. Nem imagino sequer o PC e o BE a querem conduzir o país nesse sentido e segundo esse estilo. O país democrático jamais o toleraria.
Há ainda a questão do PS. Será que, ao encostar-se assim à esquerda, não correrá o risco que correu o seu correspondente grego, o PASOK? Aliás são já conhecidas as posições de alguns socialistas que discordam abertamente de um governo do PS em coligação ou com o apoio dos comunistas e bloquistas. Não haverá jogos de interesses, conseguindo António Costa transformar um derrota eleitoral numa vitória governativa e assim tentar escapar à inevitável confrontação dentro do seu partido?
Pelo menos penso que, com um governo apoiado pelo PC, diminuirão muitos as greves constantes que se verificam nalguns setores de atividade como os transportes públicos. Mas isso sou eu a pensar.
Vamos ver. Têm a palavra o Parlamento e o Presidente da República. Os cidadãos aguardam atentos e vigilantes. O país tem pressa! Tudo pode acontecer.
O atual presidente da República, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com Mário Soares, nunca caiu nas graças da comunicação social. Algumas posições não me têm agradado - o fato de chamar Passos Coelho, após as eleições, para desenvolver diligências com vista a avaliar a possibilidade de constituir uma solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade, foi uma delas. Penso que em primeiro lugar devia ter ouvidos todos os partidos com assento parlamentar. Mas a História fará justiça. Dentro do seu estilo e maneira de ser, Cavaco ajudou muito o país.
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