Nesta época social e economicamente conturbada, a palavra crise instalou-se no nosso dia-a-dia. As incertezas quanto ao futuro e as anunciadas medidas de austeridade levam algumas pessoas ao oportunismo e outras à resignação.
As políticas desenvolvidas nos últimos tempos conduziram a sociedade a uma alarmante falta de valores, falta de rigor e de seriedade, em que o individualismo exacerbado e a ambição desmedida se instalaram como “falsos deuses”.
A reeducação para os valores deve nortear a sociedade; designadamente, o sentido de cidadania e o sentido do bem comum são, a meu ver, uma necessidade premente. A formação tem que visar a dignificação da sociedade e da cidadania de forma responsável. Inclusivamente no mundo financeiro e económico, porque, também aqui é possível e necessário um olhar atento e de caridade face ao próximo.
Recentemente, numa acção de formação, o formador (académico conceituado), demorando-se sobre a valorização da própria pessoa, com vista ao desenvolvimento das aptidões e auto-confiança, apontou caminhos na relação com os outros que me lembraram a doutrina social da igreja: a prossecução da justiça, a dignificação da pessoa humana, o primar pela caridade, a promoção do bem comum, etc.... Aquela formação focava todos os valores a levar em conta nas relações inter-pessoais e, muito embora não tivesse sido dito, todos os conceitos ali desenvolvidos apontavam para os valores que a Igreja, há décadas, vem defendendo e anunciando ao mundo.
Na referida acção de formação discutia-se a necessidade de uma justiça social, assente na defesa da dignidade humana e na justa retribuição pelo trabalho prestado. Esta é, a meu ver, a política de motivação em que se deve apostar se quisermos aumentar a produtividade, sem sacrificarmos sempre os mesmos. Se aquela dupla dimensão (também patente na doutrina social da Igreja) fosse aplicada pelos nossos governantes e empresários, a nossa sociedade seria mais justa e menos desigual.
A defesa do bem comum, a distribuição justa dos bens disponíveis, o respeito pela dignidade humana, a justa retribuição e a gestão responsável dos recursos são factores que a Igreja tem vindo a anunciar ao mundo. É Imprescindível que os católicos anunciem ao mundo estes valores — que são os mesmos que Jesus Cristo nos legou — e que se resumem nas suas palavras “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
O já referido formador terminava a sua formação, com algumas regras “ditas de auto-estima”, em forma de decálogo. Esta sua referência à Lei de Deus (mesmo que não tenha sido esse o seu intuito) deixa claro o quão importante é Deus na vida do homem, As leis por Ele entregues a Moisés e completadas por Cristo, Seu Filho, não são meros marcos da história do encontro entre Deus e o homem, mas sim um instrumento fundamental que, assim o homem o queira, conduzem à verdadeira felicidade, a que todo o ser humano aspira.
João Pinto, in Jornal da Beira
Desde os primordios da antiguidade que se sonha com uma sociedades justa em igualdade de deveres e direitos para todos os cidadãos. Infelizmente, e a história de ontem e de hoje mostra-nos que ainda não foi descoberta a fórmula ideal para que isso seja uma realidade. Até hoje, todas as ideologias politicas têm sido desastrosas.
ResponderEliminarO poder e a ganãncia sempre se sobreporão ao bem comum. Haverá sempre mandões/oportunistas e subordinados, numa sociedade que é injusta a todos os níveis. A corda sempre irá rebentar para o lado mais fraco.
Em cidadania, e como cidadãos cabe-nos o dever de votar e de participar activamente na vida politica da localidade, do país e da europa. Através do meio legal que é o voto, confiamos assim os nossos destinos muitas vezes a pessoas que não olham a meios para atingir os fins, geralmente muito pouco dignos do lugar que lhes foi confiado por nós cidadãos. Percorrem kms e kms, apregoando sempre o bem comum, a igualdade, a justiça, a solidariedade,etc, mas depressa se esquecem dos valores da propria cidadania...
As acções deveriam sobrepor-se ás palavras.
"Palavras leva-as o vento".
"A Felicidade Está no Realizar, e Não no Usufruir".
Antoine de Saint-Exupéry,