sexta-feira, 13 de maio de 2022

O sexo não é o centro do cristianismo

Jesus não nos disse nada sobre sexualidade, mas disse-nos que não devemos julgar os outros.

Fátima, na noite de 12 de maio 2022
Rainha da paz, daí a paz ao mundo. Tocai e iluminai as mentes, os corações e as vontades dos homens para que cessem as guerras, e os conflitos sejam resolvidos pelo diálogo e a justa negociação. (Jorge Guarda)
Mãe do puro amor, ensina-nos que não devemos julgar os outros. 

Por vezes, é muito cansativo assistir à consagração da ideia de que o sexo – em qualquer das suas variantes ou temáticas – é o centro da moral cristã. Não é. Não há nada na Bíblia e sobretudo no Evangelho que permita dizer que a sexualidade é o alfa da ética cristã.

Se lermos o Evangelho com atenção, vamos perceber que Jesus não está nem aí para o sexo; Ele nada nos diz sobre o tema, porque o tema é secundário, não é o centro.

Aliás, até se pode dizer que Jesus é bastante irreverente e alternativo na questão. Quem é que O vê ou sente pela primeira vez após a ressurreição? Madalena, prostituta. E o que dizer dos telhados de vidro e das pedras? É bom que se saiba que, para Jesus, um fariseu (isto é, um beato de coração frio) pode estar mais perto do inferno do que uma prostituta. Sim, é certo que convém não ser nenhuma das duas opções (prostituta e fariseu), mas convém perceber que os espíritos que se julgam virtuosos e sexualmente perfeitos do ponto de vista moral e que julgam os outros considerados “impuros” estão mais fundos no inferno do que uma call girl. Jesus não nos disse nada sobre sexualidade, mas disse-nos que não devemos julgar os outros.

É por isso que concordo em absoluto com este belo artigo da Inês Teotónio Pereira. A ideia de que o sexo é o centro da ética cristã é uma confusão veiculada e mantida por boa parte dos cristãos, que perdem mais tempo com este tema do que com todos os outros juntos.

Como sair disto? Não temos aqui espaço para discutir a curva errada de Santo Agostinho, mas lá chegaremos. Por ora era importante que igreja e fiéis percebessem uma coisa: há que desenvolver uma abordagem à questão que seja realista em relação aos jovens de hoje e que seja sobretudo um eco da mensagem de Jesus. Não fazer isto é deixar os jovens cristãos num vazio.

OPINIÃO DE HENRIQUE RAPOSO, aqui

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