quarta-feira, 3 de junho de 2020

Cabe aos sócios a voz e a vez

No próximo fim-de-semana, realizam-se as eleições para os órgãos sociais do Futebol Clube do Porto.
Numa eleição normalmente monocórdica, com um só candidato - Pinto da Costa -, este ano aparecem mais duas candidaturas.
Só por si este facto diz que as coisas não estão bem no reino do Dragão. Caso o rumo fosse o que foi durante anos e anos, certamente não haveria oposição a Pinto da Costa. Por outro lado, a diversidade de candidaturas realça  vitalidade interna e democracia. 
Como um simples adepto, há muito escrevi e mantenho a convicção que Pinto da Costa devia ter deixado a presidência do Clube quando, com Villas Boas, o Porto ganhou o último grande troféu internacional a nível da equipa principal. Daí para cá, tem-se assistido a um lento deteriorar da situação, não só a nível competitivo como a nível económico.
Como em tudo na vida, há que saber entrar, mas há que saber também sair. Sabemos que a idade não perdoa. É assim para todos. Até aos 70, somos nós que mandamos; a partir dos 70, é a idade que manda em nós...
Como a maioria esmagadora dos portistas, não esqueço quanto o Futebol Clube do Porto deve a Pinto da Costa no ressurgimento, expansão e glórias desportivas conquistadas. Durante muitos anos, com o actual presidente, o Porto ia muito à frente, com capacidade para antecipar o futuro, capaz por isso de rupturas nem sempre perceptíveis no momento pelos cidadãos comuns nem pela comunicação social.  Penso que a 1ª vez em que Pinto da Costa deu sinais da incapacidade de fazer essas rupturas foi quando queria Jorge Jesus, então no Braga, mas não foi capaz de as fazer porque Jesualdo, nessa época, ganhara o campeonato e fora aos quartos da Champions. Pagou caro, porque na época seguinte o Porto não ganhou. Primeiro claro sinal da perda de fôlego.
O Porto não está bem. Nos últimos 6 anos, um campeonato e uma Super-Taça! Muito pouco para quem tinha o saudável hábito de ganhar. Economicamente, a situação é aflitiva, ainda por cima agravada pela presente pandemia.
A lista que Pinto da Costa vai apresentar a sufrágio não traz grandes novidades nem gera confiança por  aí além. Ainda por cima vem carregada de pessoas ligadas ao poder político, quando, durante muitos anos, ele defendeu peremptoriamente a separação entre política e Clube. 
Claro que, como a maioria, eu penso que a sua lista vai ganhar. As alternativas também não entusiasmam nem convencem.
Oxalá esteja enganado, mas penso que vem aí mais um ciclo de afundamento da vitalidade do meu Clube. Este precisa de gente nova, projectos novos, mentalidade nova para responder a novos desafios. 

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