quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Por bem fazer, mal haver


Talvez porque o Natal toca mais de perto os sentimentos e torna as pessoas mais sensíveis à existência ou ausência de solidariedade, amizade, gratidão. O que é certo é que a conversa com aquela pessoa amiga resvalou para o desabafo dolorido, sentido, magoado.
Falava essa pessoa de atitudes, gestos, comportamentos, ações que levara a efeito em prol dos seus semelhantes, recebendo deles alheamento, indiferença, ausência, quando não hostilidades...
- Aquela família que me apareceu aflitivamente porque o filho fora colocado na universidade na cidade onde então  eu vivia e que não tinha hipótese de pagar o alojamento. Recebi-o em minha casa durante meses a fio. Gratuitamente.
- Aqueles pais que tinham o filho desempregado e que começava a andar por maus caminhos e me solicitaram se, por favor, fazia alguma coisa para lhe arranjar trabalho na cidade onde vivia. Andei e consegui. Só que o ordenado, a princípio, era baixinho. Para ajudar, acolhi-o em minha casa gratuitamente e tratei-o como um filho. Hoje é um pai de família que está muito bem na vida.
- Tantas vezes que fui o "taxi" de muitas pessoas! Sem nada querer em troca...
- A determinada altura, fiz uma exploração de água num terreno meu. Ao lado, os vizinhos tinham imensa falta dela. Pois partilhei a água com eles sem qualquer encargo para os mesmos.
- Aquela família onde as desavenças eram frequentes e me vinham chamar a qualquer hora do dia ou da noite para tentar pôr paz naquele lar...
- Aquele vizinho que ficou sem carro em virtude de uma forte avaria, mas que precisava imenso dele para o seu trabalho, tendo-me privado do meu para que ele pudesse governar a sua vida...
- Muitas vezes fui o banco de muita gente, dentro das minhas possibilidades, sem nunca exigir nada em troca...
- E as ocasiões em que me foi pedido um favor para a realização de pequenas tarefas para as quais tenho um certo jeito!?


Enfim, dizia a pessoa amiga, não quero me andem sempre a agradecer, mas que me conheçam como conheceram quando precisaram. Que não virem a cara. Que apareçam como apareceram nos momentos de dificuldade por que passaram. Que ao menos, em certas ocasiões, façam uma chamada, uma visita, tenham um gesto de presença. Ou pelo menos que não me hostilizem!
Sabe, dizia, sinto-me uma pessoa magoada com a ingratidão de muita gente. Mas olhe que não me arrependo de tudo o que fiz pelas pessoas.


Como eu compreendo esta pessoa amiga. Oh! Se compreendo! Compreendo, compreendo, compreendo. E sinto!!!


Hoje parece que as pessoas "têm o rei na barriga!". Só se lembram dos outros quando precisam. Esquecem rapidamente o bem recebido. Julgam-se "as maiores".
Esquecem que a INGRATIDÃO é o bilhete de identidade da sua falta de estofo interior.
E quantas vezes o bem recebido é esquecido por uma questiúncula sem importância com o benfeitor?
E quantas vezes o rego não suplanta o oceano no coração de tanta gente? O oceano do bem recebido conta menos do que o reguito do defeito, da falha, da desilusão adveniente do benfeitor?


Bastas vezes somos ingratos por descuido, pelo corre-corre da vida, pela superficialidade do viver hodierno para quem só existe o momento sem raízes e sem futuro.


Ah! Se aprendêssemos e quiséssemos ser gratos, quantas feridas evitaríamos no coração de tanta gente!!??


"Tenham 4 amores: Deus, A vida, a família e os amigos. Deus porque é o dono da vida, A vida porque é curta, a família porque é única e os amigos porque  são raros!"

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