A propósito da Semana de Oração pelas Vocações que está a decorrer
"Esta não é uma semana para puxar as orelhas ao Espírito Santo e reclamar mais padres ou mais religiosos, como se o dom das vocações ou de mais vocações consagradas fosse apenas sintoma da nossa preguiça orante ou ou o triste resultado de não insistirmos tanto quanto devíamos no pedido. Obviamente que é preciso rezar. E rezar mais. E rezar melhor. Mas também é preciso rezar bem. Porque esta não uma semana para pedirmos vocações na vida dos outros, que não em nós nem nos nossos! Esta não é uma semana para "protestarmos" por mais padres ou mais religiosos. Não. É uma semana para rezarmos, para cada um se pôr à escuta do que o Senhor lhe pede, no concreto da sua vida, e do que pede que faça, para despertar em cada cristão a capacidade de responder aos sonhos de Deus para a vida de cada um. Esta é uma semana para nos pormos à escuta do que o Espírito Santo diz à Igreja, sobre os padres que quer, sobre os religiosos que quer e... se Ele não quererá mesmo uma Igreja com menos vocações consagradas e mais vocações laicais... Quem sabe?! Pedir padres ou diáconos permanentes sem ativar a séria a prática dos ministérios laicais (de leitor, de acólito, de catequista, de animador da caridade, e de tantos outros) é clericalizar os dons de serviço da Igreja ao mundo e confinar a graça do Espírito Santo no Sacramento da Ordem. Pedir padres para preencher o mapa das necessidades sem prover o cuidado e a corresponsabilidade dos leigos em serviços de acolhimento, de orientação da oração, de presidência da palavra, etc, é pedir ao Espírito Santo milagres para os quais não estará, por certo, virado. Pedir mais padres e não questionar nada sobre o estilo de vida e de formação, as condições de acesso e de exercício do ministério, é estarmos a ouvir apenas os nossos lamentos e não os suspiros do Espírito. Para que conste, vou, de seguida, rezar pelas vocações. E hoje até começo pela vocação matrimoninal. Se valorizarmos as vocações, carismas e ministérios ligados ao Batismo, Confirmação e Matrimónio, talvez nem precisemos tanto de «chatear» o Espírito Santo com as nossas piedosas preces de «muitas e santas vocações sacerdotais». Serão as que ele entender. E se não são tantas quantas achamos que devíamos ter, o melhor é o ouvir o Espírito Santo e não puxar-lhe as orelhas. Quem está a precisar desse puxão-empurrão sou eu, és tu, somos todos nós."
Amaro Gonçalo, Facebook
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