Devemos aprender com Cristo a viver a mortalidade. E aprender a viver a mortalidade com Cristo é reconhecer a nossa vida, o que a sustém, o que ela vale. Deste-me esta vida. Não a vida, mas esta vida. E dizê-lo com gratidão, num exercício de amor. E isto é que é morrer com Cristo. Aprender a ser mortal, a ser limitado, é aprender a amar. Nunca somos da vida, mas participamos dela.
Era uma vez um rei que estava à beira da morte por causa de uma doença incurável. Já estava nas últimas. Porém, cada vez que a rainha lhe dizia que ia morrer, ele afirmava que não. Quando o príncipe insistia, ele insistia que não. Quando, por fim, o médico lhe explicava que ia morrer, ele persistia no seu rotundo Não. Que havia de durar mais quarenta anos, porque ele era o rei e era ele quem decidia.
Olhamos para a personagem principal desta pequena história, o rei, e o mais provável é rirmo-nos da sua tolice. Mas esta atitude, com mais ou menos obviedade, é uma atitude recorrente nas nossas vidas. Também nós vivemos como se a nossa vida e a nossa morte fossem decisões exclusivamente pessoais. E alimentamos uma esperança vazia de que há-de ser como queremos que seja. Por isso, diante do sofrimento, entusiasmamo-nos uns aos outros com expressões do tipo “vai correr tudo bem”, “deus vai ajudar”, “a esperança é a última a morrer”.
O drama humano começa quando tomamos consciência de que somos e não somos. A consciência de que não podemos decidir sobre nós. Sabemos que a morte nos vai encontrar, mas não sabemos como será nem como a conseguiremos afrontar. O que podemos fazer é ir configurando o nosso ser mortal, o nosso ser limitado. É preciso aprender a ser mortais. Que é quase o mesmo que aprender a amar e a ser amado. A dar consistência à vida que temos.
Devemos aprender com Cristo a viver a mortalidade. E aprender a viver a mortalidade com Cristo é reconhecer a nossa vida, o que a sustém, o que ela vale. Deste-me esta vida. Não a vida, mas esta vida. E dizê-lo com gratidão, num exercício de amor. E isto é que é morrer com Cristo. Aprender a ser mortal, a ser limitado, é aprender a amar. Nunca somos da vida, mas participamos dela.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.