quarta-feira, 28 de abril de 2021

No público ou no privado?

A gratidão é a memória do coração

Confesso que, ao longo da minha vida, se me  pôs sempre a questão: "Em caso de doença, onde queres ser tratado"? De acordo com testemunhos vários de amigos e com a minha - felizmente fugaz - experiência, senti-me  sempre dividido, embora os últimos contactos com o privado não me tenham deixado particularmente satisfeito.
Ouvi dizer que, em casos mais graves, o público é recomendável. Mas também ouvi pessoas que tiveram situações graves e se deram muito bem com o privado. Como diz o povo, é uma questão de sorte...
Com  autorização do autor, partilho  um belo texto de alguém que, numa situação delicada, passou pelo público.

"Agradecimento
Depois de muitos anos a recorrer, assim como os meus filhos, aos hospitais privados, sempre que um problema de saúde surgia, um estado de saúde um pouco mais grave trouxe-me, por insistência da minha sobrinha, profissional no SNS, à urgência do hospital de Sta. Maria, em Lisboa.
Vim muito pouco crente, até receoso, mas a situação obrigava a não facilitar.
Passados nove dias de internamento, e na hora de sair, sinto ser meu dever expressar a minha profundíssima gratidão pela forma como, desde a triagem até à alta hospitalar, fui tratado.
Que enormes profissionais!
Numa época em que a falta de pessoal é tantas vezes utilizada para justificar a falta de produtividade dos serviços públicos, neste hospital, essa carência, também evidente, é usada para incentivar as equipas que são inexcedíveis para que nada falta aos doentes.
Pela primeira vez na minha vida, tive oportunidade de vivenciar por inteiro o princípio da igualdade, num lugar onde, independentemente da cor, da idade, da religião, das convicções, das habilitações, das condições económicas, todos são tratados com o mesmo carinho, com o mesmo zelo, com a mesma dedicação e muito profissionalismo.
Sendo o suposto, não é o que encontramos no nosso dia-a-dia nos serviços públicos, infelizmente.
Dos auxiliares, aos enfermeiros, aos médicos, encontrei profissionais que não vou esquecer e com quem tanto aprendi, enquanto ser humano.
Profissionais que em vez de se desculparem com a falta de algumas condições, valorizam as que dispõem e fazem as coisas acontecer, a cada hora, todos os dias.
Para mais, num tempo em que os doentes não podem ter visitas, um sorriso, um carinho, um momento de atenção, fazem-nos sentir que nunca estamos sós e que nada do mais essencial nos falta, mesmo doentes e acamados.
Que exemplo, o destes profissionais da urgência e da Medecina I-F do Hospital de Santa Maria!
A todos, sem exceção, o meu muito, muito o obrigado.

Nuno"

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