Antónia e Clemente são um casal bastante jovem e deveras interessante. Têm dois filhos que são "jóia mesmo", no dizer de brasileiro.
Não foi fácil o namoro. Os pais dela opuseram-se com quanta força tinham a este casamento. A mãe repitiu-lhe até à exaustão:
- Toni, não sei que vês no Clemente! Nem beleza nem riqueza. Um pobretanas filho de pobretanas.
A Antónia (Toni para os amigos) era a pricesa da terra. Não faltavam "bons partidos" a arrastar-lhe a asa. Mas não, só tinha olhinhos para o Clemente.
- Ó rapariga, tanto rapaz com belos carros e tu só enxergas esse gabiru da bicicleta! - censurava-a o pai, alternando meiguice, gozo e raiva.
Mas nada a demoveu, nem promessas, nem ameças, nem maus tratos. Era do Clemente que ela gostava e pronto.
Para fugir do "inferno" do seu viver familiar, aceitou de bom grado o pedido de casamento do namorado. Ele só impôs uma condição: que ela levasse os seus estudos até ao fim, que se formasse. Trabalharia "de noite e de dia" para que a sua amada acabasse o curso por que sempre ansiou. E assim aconteceu.
Ainda na faculdade, foi mãe. E aí o Clemennte revelou também o seu espírito principesco. Para que a mulher pudesse estudar, velava ele o seu filhote. Com esmero, com alegria, embora o corpo alquebrado pelo trabalho lhe pedisse tanta vez descanso.
Ela acbou o curso e conseguiu trabalho nas redondezas da casita em que moravam. Não era emprego famoso, mas estava perto dos "seus dois homens", como gostava de referir (marido e filhinho).
Depois de muito conversarem, certo dia ela disse-lhe peremptoriamente:
- Chegou a vez de ser eu a apoiar os teus estudos. Sei que tens grandes capacidades, mas nunca pudeste ir longe na escola. Primeiro, os teus pais não tinham condições; depois sacrificaste-te para que eu acabasse o curso. É altura de te dizer por obras o quanto te quero, quanto te amo.
Clemente, algo contrarido, voltou à escola. Não lhe agradava a ideia de ser a mulher a arcar com a maior parte das despesas. Por outro lado, receava desiludi-la com resultados escolares menos conseguidos. Mas como podia resistir àquelas palavras que ela lhe sussurrava ao ouvido enquanto o abraçava ternamente!? Ainda por cima, lá no fundo, no fundo, sempre desejara estudar, cultivar-se, ser mais.
Voltou à escola, via ensino nocturno. Concluiu o 12º ano com óptimas notas. O seu orgulho macho coincidiu com a vontade da mulher, que era intimamente também o sua: tirar um curso superior. Mas mais 5 anos a sobrecarregar a mulher!? Não podia ser. Ele é que era o chefe de família. E resistiu o mais que pode a ela e a ele mesmo. Por fim, cedeu. Entrou no ensino superior que veio a concluir com excelentes notas. Tomou-lhe o gosto e defendeu há um ano a tese de doutoramento. No fim das provas, correu feliz para a mulher que abraçou, fazendo-a rodopiar nos seus braços. Duas lágrimas tensas inundaram o rosto bonito de Antónia, enquanto todo o seu ser se erguia num sussurro interminável: "Obrigado, princesa!"
As pazes com os pais de Antónia estão mais que feitas. A vida ajudou-os a reconhecer que para a sua princesa só este píncipe de bicicleta. A felicidade deste casal, que tem trepado a corda da vida a pulso, é contagiante. Então os dois rebentos são a loucura dos avós. Não enxergam mais nada.
Alguém lhes perguntou onde iam buscar tanta força, tanto entusiasmo, tanto amor, tanto espírito de sacrifício, tanta entrega mútua. A resposta veio profunda, sentida, rápida:
- Ao Sacrário - respondeu ela.
Então um beijo fundo do marido desceu sobre a face macia de Antónia.
Não foi fácil o namoro. Os pais dela opuseram-se com quanta força tinham a este casamento. A mãe repitiu-lhe até à exaustão:
- Toni, não sei que vês no Clemente! Nem beleza nem riqueza. Um pobretanas filho de pobretanas.
A Antónia (Toni para os amigos) era a pricesa da terra. Não faltavam "bons partidos" a arrastar-lhe a asa. Mas não, só tinha olhinhos para o Clemente.
- Ó rapariga, tanto rapaz com belos carros e tu só enxergas esse gabiru da bicicleta! - censurava-a o pai, alternando meiguice, gozo e raiva.
Mas nada a demoveu, nem promessas, nem ameças, nem maus tratos. Era do Clemente que ela gostava e pronto.
Para fugir do "inferno" do seu viver familiar, aceitou de bom grado o pedido de casamento do namorado. Ele só impôs uma condição: que ela levasse os seus estudos até ao fim, que se formasse. Trabalharia "de noite e de dia" para que a sua amada acabasse o curso por que sempre ansiou. E assim aconteceu.
Ainda na faculdade, foi mãe. E aí o Clemennte revelou também o seu espírito principesco. Para que a mulher pudesse estudar, velava ele o seu filhote. Com esmero, com alegria, embora o corpo alquebrado pelo trabalho lhe pedisse tanta vez descanso.
Ela acbou o curso e conseguiu trabalho nas redondezas da casita em que moravam. Não era emprego famoso, mas estava perto dos "seus dois homens", como gostava de referir (marido e filhinho).
Depois de muito conversarem, certo dia ela disse-lhe peremptoriamente:
- Chegou a vez de ser eu a apoiar os teus estudos. Sei que tens grandes capacidades, mas nunca pudeste ir longe na escola. Primeiro, os teus pais não tinham condições; depois sacrificaste-te para que eu acabasse o curso. É altura de te dizer por obras o quanto te quero, quanto te amo.
Clemente, algo contrarido, voltou à escola. Não lhe agradava a ideia de ser a mulher a arcar com a maior parte das despesas. Por outro lado, receava desiludi-la com resultados escolares menos conseguidos. Mas como podia resistir àquelas palavras que ela lhe sussurrava ao ouvido enquanto o abraçava ternamente!? Ainda por cima, lá no fundo, no fundo, sempre desejara estudar, cultivar-se, ser mais.
Voltou à escola, via ensino nocturno. Concluiu o 12º ano com óptimas notas. O seu orgulho macho coincidiu com a vontade da mulher, que era intimamente também o sua: tirar um curso superior. Mas mais 5 anos a sobrecarregar a mulher!? Não podia ser. Ele é que era o chefe de família. E resistiu o mais que pode a ela e a ele mesmo. Por fim, cedeu. Entrou no ensino superior que veio a concluir com excelentes notas. Tomou-lhe o gosto e defendeu há um ano a tese de doutoramento. No fim das provas, correu feliz para a mulher que abraçou, fazendo-a rodopiar nos seus braços. Duas lágrimas tensas inundaram o rosto bonito de Antónia, enquanto todo o seu ser se erguia num sussurro interminável: "Obrigado, princesa!"
As pazes com os pais de Antónia estão mais que feitas. A vida ajudou-os a reconhecer que para a sua princesa só este píncipe de bicicleta. A felicidade deste casal, que tem trepado a corda da vida a pulso, é contagiante. Então os dois rebentos são a loucura dos avós. Não enxergam mais nada.
Alguém lhes perguntou onde iam buscar tanta força, tanto entusiasmo, tanto amor, tanto espírito de sacrifício, tanta entrega mútua. A resposta veio profunda, sentida, rápida:
- Ao Sacrário - respondeu ela.
Então um beijo fundo do marido desceu sobre a face macia de Antónia.
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