quinta-feira, 11 de outubro de 2018

11 de outubro - São João XXIII

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João XXIII tornou-se uma figura querida porque assumiu, sem o menor constrangimento, o espírito de Jesus.
Para ele, todos, incluindo os ateus, eram filhos e irmãos. A justiça sempre o preocupou e mobilizou.
Conta-se que, um dia, terá perguntado a um trabalhador como ia a sua vida. Ele respondeu que ia mal. Então, o Papa garantiu que ia tratar do assunto.
Houve, no entanto, quem objectasse que, aumentando o salário aos trabalhadores, teria de haver um corte nas obras de caridade.
Resposta pronta do Pontífice: «Então é o que teremos de fazer. Porque a justiça está antes da caridade».
São estas atitudes que definem uma vida. E fazem com que as pessoas que as tomam brilhem. Mesmo nas sombras. Sobretudo nas sombras.


O Papa Bom não podia deixar de insistir na centralidade da bondade. «Não há nada mais excelente que a bondade. A inteligência humana pode procurar outros dons eminentes, mas nenhum deles se pode comparar à bondade». E, atenção, «o exercício da bondade pode sofrer oposição, mas acaba sempre por vencer porque a bondade é amor e o amor tudo vence».


O Papa Bom, João XXIII, proferiu o «Discurso da Lua» neste dia 11 há 56 anos.
Foi quando enviou aos filhos dos que estavam a ouvi-lo a «carícia do Papa».
Vale a pena ler, meditar e reter. Não é longo. E é espantosamente belo!
«Caros filhinhos, oiço as vossas vozes. A minha é apenas uma, mas condensa a voz do mundo inteiro. Todo o mundo está aqui representado.
Parece que até a lua antecipou-se esta noite – observai-a no alto – para contemplar este espectáculo. É que encerramos uma grande jornada de paz. Sim, de paz: Glória a Deus e paz aos homens de boa vontade.
A minha pessoa não conta para nada, quem vos fala é um irmão, que se tornou pai por vontade de Nosso Senhor, mas tudo junto – paternidade e fraternidade – é graça de Deus, tudo, tudo.
Continuemos, pois, a amar-nos, a querer-nos bem, a querer-nos bem; olhando-nos mutuamente no encontro, recolhendo aquilo que nos une, deixando de lado qualquer coisa que nos possa criar dificuldade: nada. Fratres sumus .
Esta manhã aconteceu um espectáculo que nem a basílica de São Pedro, que tem quatro séculos de história, alguma vez pôde contemplar.
Honremos as impressões desta noite. Que os nossos sentimentos permaneçam sempre como agora os manifestamos diante do Céu e da terra. Fé, esperança, caridade, amor de Deus, amor de irmãos. E assim, todos juntos, mutuamente apoiados, na santa paz do Senhor, nas obras do bem.
Quando regressardes a casa, encontrareis os vossos meninos. Fazei uma carícia às vossas crianças e dizei: «esta é a carícia do Papa». Encontrareis algumas lágrimas por enxugar, fazei alguma coisa… dizei uma boa palavra: «O Papa está connosco, especialmente nas horas de tristeza e de amargura».
E assim, todos juntos, animemo-nos, cantando, suspirando, chorando mas sempre, sempre cheios de confiança em Cristo que nos ajuda e nos escuta, para avançarmos e retormarmos o nosso caminho.
E, agora, tende a gentileza de atender à bênção que vos dou e também à boa-noite que me permito desejar-vos».

Concílio Ecuménico Vaticano II iniciou-se faz hoje 56 anos
Neste dia 11 de Outubro, faz 56 anos que se iniciou em Roma o Concílio Ecuménico Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII. O Concílio decorreu em Roma (entre 1962 e 1965), mas parece que nunca terá chegado verdadeiramente até nós. Apercebemo-nos, seguramente, de alguns dos seus sinais (nomeadamente a Missa em português), mas creio que ainda não chegamos a penetrar no coração das suas propostas.Sucede que o principal contributo do Vaticano II foi redespertar a nossa atenção para a centralidade de Deus e de Jesus Cristo. Reconduziu-nos, portanto, para as fontes da fé.
João António Teixeira

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