O Instituto de Estudos Políticos (IEP), da Universidade Católica Portuguesa, vai atribuir o Prémio Fé e Liberdade a Alexandre Soares dos Santos, anterior presidente do conselho de administração do grupo Jerónimo Martins.
A distinção vai ser entregue a 24 de junho, durante o Fórum Político do Estoril, que reúne dezenas de oradores nacionais e estrangeiros sob o tema "Reavaliando a 3.ª vaga de democratização", por ocasião dos 40 anos do 25 de abril (1974) e os 25 anos da queda do Muro de Berlim (1989).
A sessão, que à semelhança das conferências decorre no Hotel Palácio Estoril, terá como anfitrião o padre José Tolentino Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa e diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
O moderador será Alejandro Chafuen, presidente da Atlas Economic Research Foundation (Washington, EUA) e membro da direção do Acton Institute for the Study of Religion and Liberty (Grand Rapids, EUA).
Elísio Alexandre Soares dos Santos (1934), que já foi considerado a pessoa mais rica em Portugal, vai ser apresentado por Manuel Braga da Cruz, anterior reitor da Universidade Católica.
Quando anunciou, em setembro de 2013, que a partir de novembro desse ano ia deixar o cargo no grupo, Alexandre Soares dos Santos revelou que pretendia dedicar-se à presidência do conselho de administração da sociedade Francisco Manuel dos Santos e da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
O programa do encontro prevê a presença de personalidades anteriormente distinguidas com o prémio: Mons. João Evangelista, fundador da Associação Cristã de Empresários e Gestores (Acege), Maria Barroso, da Fundação Pro Dignitate, e Mário Pinto, do IEP.
João Salgueiro, Guilherme d'Oliveira Martins, Jaime Gama, Francisco Pinto Balsemão, Francisco Assis, Paulo Rangel, Henrique Monteiro, Henrique Raposo, José Manuel Fernandes, Miguel Monjardino e Fernando Ulrich são alguns dos intervenientes anunciados para o Fórum Político do Estoril, que decorre entre 23 e 25 de junho.
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Prémio Fé e Liberdade para Soares dos Santos gera indignação
Frei Bento Domingues, o catedrático José Mattoso e o musicólogo Rui Vieira Nery são algumas das mais de 30 pessoas que manifestaram "indignação" pela atribuição do prémio "Fé e Liberdade" a Alexandre Soares dos Santos, ex-presidente do grupo Jerónimo Martins.
Em documento enviado à reitoria da Universidade Católica Portuguesa (UCP), os subscritores referem que foi com "grande perplexidade, tristeza e indignação" que tiveram conhecimento de que o Instituto de Estudos Políticos da UCP deliberou atribuir o prémio "Fé e Liberdade" a Elíseo Alexandre Soares dos Santos, designado "um dos homens mais ricos de Portugal".Enfatizam que esta denúncia não é movida por "qualquer ressentimento contra a pessoa" em causa, mas pelo "dever" de, em consciência, tornar audível a voz dos cristãos que não querem - não podem - silenciar" a sua indignação.
"Um prémio tem um valor simbólico e testemunhal, pelo que, nas presentes circunstâncias, ocorre perguntar: O que é que se pretende enaltecer? Que valores merecem apreço explícito por parte da UCP? Quais os conceitos de fé e de liberdade que estão implícitos nesta atribuição?", questionam os subscritores, entre os quais constam os jornalistas Jorge Wemans e António Marujo e a professora universitária Isabel Allegro de Magalhães.
A carta de protesto lança ainda uma série de dúvidas sobre o que se pretende distinguir na personalidade de Alexandre Soares dos Santos.
Uma colossal fortuna pessoal? Uma forma de enriquecimento baseada nos ganhos do capital e sua acumulação? Práticas de exploração do trabalho humano (baixos salários, horários excessivos, precariedade nas relações laborais)? Expedientes fiscais para fugir aos impostos?.Um modelo de economia que permite o desemprego massivo, a grande concentração do património individual e correspondente poder político, com risco para a democracia e para a coesão social?, lê-se no documento a que a agência Lusa teve acesso.
Notando que a decisão vai também contra aquilo que tem sido o ensinamento e os apelos mais recentes do papa Francisco, os subscritores gostariam de ver a UCP empenhada na denúncia de "uma economia que mata", em especial pelo que produz "de grande pobreza, desemprego maçiço, excessivas e crescentes desigualdades, riscos ecológicos sérios", naquilo que é uma das maiores ameaças à liberdade e à democracia.
A Lusa tentou obter um comentário junto da reitoria da UCP, mas até ao momento não foi possível obter um esclarecimento por parte da reitora Maria da Glória Garcia.
O Instituto de Estudos Políticos (IEP), da UCP, atribuiu o Prémio Fé e Liberdade a Alexandre Soares dos Santos, devendo a distinção ser entregue a 24 de junho, durante o Fórum Político do Estoril, que reúne dezenas de oradores nacionais e estrangeiros.
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