quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

"Venham mais vezes, por favor!"



 Dia Mundial do Doente.
Os ministros extarordinários da comunhão percorreram a paróquia, levando o Senhor aos doentes. Também eu e o P.e Adriano saímos para visitar alguns doentes.
O mesmo queixume de sempre, o mesmo desabafo, a mesma frustração. Passam muito tempo sozinhos. Há pouca gente a vistá-los. Abandonados pela saúde, abandonados pelas pessoas. Por isso, o pedido: "Venham mais vezes, por favor!"

A vida parece aquilo que NUNCA deveria ser: descartável.
Vejamos:
- Entre 2008 e 2012, lê-se no Diário de Notícias (DN), realizaram-se em Portugal 97.996 interrupções voluntárias da gravidez, grande maioria delas por vontade da mulher.
-  Nos últimos 5 anos, em Portugal 176 mulheres foram vítimas de violência doméstica até à morte.
-  A Polícia Judiciária registou nos primeiro semestre de 2012, cento e seis homicídios. De acordo com o Diário de Notícias e com base em dados do secretário-geral de Segurança Interna, a cada três dias, é cometido um homicídio no nosso país.
- O Relatório "Portugal Saúde Mental em Números" revela que em 2011 suicidaram-se 951 pessoas, sendo entre os idosos com mais de 70 anos que se verifica maior incidência, com uma taxa de mortalidade (nesse ano) de 21,4 por 100 mil habitantes.

Poderíamos continuar à procura, através dos meios de comunicação socia, de outros atropelos à vida. Penso que estes já dão que pensar...

Se acrescentarmos  que:
-  Os números revelados pelo Eurostat  apontam para a existência de 2,6 milhões de portugueses em risco de pobreza ou de exclusão social;
- Os hospitais públicos estão a abarrotar de doentes e que há imensos casos de pessoas com tempos infindos de espera por uma intervenção cirúrgica ;
- Cerca de 400 mil idosos vivem sós e outros 804 mil vivem em companhia exclusiva de outros idosos.
- Muitas famílias, ou por falta de condições (casa, trabalho, etc) ou por falta de vontade, enviam os pais para os lares,
então compreenderemos como é hoje difícil ser idoso em Portugal.  Reformas baixíssimas, custos médicos elevados, internamentos caros  nos lares, abandono e desaparecimento dos familiares...
Quem vai aos lares, ouve muitas vezes desabafos como este: "Aqui não me falta nada. Só me faltam os meus filhos e os meus netos... Preferia ter piores condições e viver ao pé deles!"

Uma visita aos doentes vale uma caixa de comprimidos.
Visitemos os doentes, levando um coração que escuta e acolhe, uma palavra e um gesto que confortam, uma presença que retempera.
Afinal a cama de um doente é uma universidade onde muito se aprende...

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