sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Menino tenta pegar chapéu do Papa Francisco. Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" ...

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve de vez mitras, solidéus, anéis, vermelhos, báculos, batinas, cabeções...

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para sempre carreirismos eclesiásticos para que fique limpo e transparente que a única importância vem do serviço.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para longe a quintalização da Igreja para que esta se transforme em espaço de partilha de bens, agentes pastorais e comunhão entre paróquias, dioceses e demais estruturas eclesiais.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que faça desaparecer o atavismo, a indiferença/alheamento, clericalismo dos leigos e assumam de vez a sua vocação laical advinda do Batismo.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para longe o justicialismo mundano na Igreja e esta se torne casa e escola de misericórdia e esperança para que a “Esposa de Cristo” nunca seja fim de estrada para ninguém.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que coloque no centro do viver eclesial a Bíblia/Palavra de Deus. Acima, muito acima, absolutamente acima do Direito Canónico está a Palavra de Deus, luz dos nossos passos pessoais e eclesiais.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leve para longe a Igreja como estrutura de poder e de domínio, tal como os seus símbolos, títulos e estruturas.  Palavras como “monsenhor, cónego, arcebispo, cardeal, dom, reverência, eminência. Para podermos ir à simplicidade da missão: leigos, consagrados (irmão, irmã), diáconos, padres e bispos. Todos em comunhão com o Bispo de Roma, o Papa.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos faça amar radicalmente a vida, toda a vida: desde a sua concepção até à morte natural. Por esta causa, a Igreja deve estar disposta a ir até à cruz.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que grave a letras de fogo no coração das pessoas e da realidade eclesial a CONVERSÃO.  “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”, foram as primeiras palavras de Cristo ao aniciar a sua vida pública. Sem a conversão, persistem as acusações/recriminações entre leigos e ministros ordenados, ministros ordenados e ministros ordenados, leigos e leigos. Todos querem a mudança desde que seja para os outros. Mas por aqui, não vamos lá. A conversão é uma realidade libertadora desde que assumida por cada um e por todos.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos faça abraçar a Igreja como “tenda de campanha”, como enviada às “periferias existenciais”, tanto nas vertentes interna como externa. Sim, interna. Como é possível que uma diocese possa estar por tempos e tempos sem que tenha o seu bispo? Além disto, urge que o povo de Deus tenha uma palavra na escolha do seu Bispo. Isto supõe refontalização, voltando aos tempos de Santo Ambrósio, São Brás, São Martinho de Tours…

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos traga o fogo e o vento do Espírito no qual fomos baptizados. O Espírito fala onde quer e como quer. Ninguém é dono do Espírito. Auscultando os batizados podemos perceber os gemidos que o Espírito dirige à Igreja.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que devolva o dom da profecia e que retire a Igreja do castelo dos seus medos, das suas prudências, dos seus comodismos, do mundamismo de agradar a todos, tornando-a voz e vez dos que não têm voz nem vez. Urge uma Igreja pró-activa, deixando de ser apenas reactiva e condenatória. Uma Igreja que anuncia, denuncia e se compromete com a proposta do Evangelho.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que abra a Igreja ao mundo. Fechada sobre si mesma, a Igreja divide-se, polui-se, pode tornar-se autofágica. Aberta ao mundo, ela cresce, deixa de ser autorreferencial, tropeça nos sinais dos tempos que a acordam.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que leva a Igreja ao âmago dos Mandamentos, libertando-a da obsessão pelos 6º e 9º Mandamentos, abrindo-a à totalidade da Mensagem, centrando-a no amor a Deus e ao próximo, onde a Justiça Social seja uma preocupação e uma urgência para que a “Casa Comum” seja um banquete para todos e não um privilégio de uns poucos, enquanto uma multidão sofre de míngua.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que desperte a Igreja que somos para a sua condição de pecadora. Se a Igreja é santa em Cristo, seu Fundamento, seu Pastor e sua Meta, ela é pecadora nos seus membros. A consciência do pecado abre para a esperança do perdão gratuito de Deus que sempre oferece nova oportunidade ao pecador, desafiando-o, pela Sua Graça, à conversão contínua.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos lembre que os olhos estão na cara para olhar em frente. Não desloquemos os olhos para a nuca para olhar só para trás. O fundamentalismo e o ultraconservadorismo, focados como estão em tradições e costumes, em dogmatismos históricos, em aparições, actualizam muito do farisaísmo que condenou Jesus… Por outro lado, há que libertar a vivência da fé dos emparedamentos do sempre foi assim, é costume, é tradição… Uma vivência cristã que vá além do ram-ram, que se abra ao novo de Deus.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos motive a retira as pedras de tropeço e arremesso. Citemos só um caso: serão precisos e úteis os padrinhos de Batismo?

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino “que nos devolva a beleza e a grandeza dos Sacramentos como tempo e espaço da Graça de Deus. Se a Igreja é para todos, não é para tudo. A celebração dos Sacramentos não pode ser um mero acontecimento social e mundano.

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que conceda um olhar límpido e sereno que nos leve  a descobrir o que o Espírito inspira em questões como celibato sacerdotal, serviço ordenado para as mulheres, os vários tipos de “família” hodiernos, organização paroquial, formação dos vocacionados ao sacerdócio (Seminários? Que Seminários? Outra forma de formação…)

Oxalá que nesta caminhada sinodal "apareça um menino" que nos lembre o fundamental: uma Igreja centrada e recentrada em Cristo. A Igreja existe por causa de Cristo, Cristo é a razão de ser da existência da Igreja. Fora de Cristo ou nas margens de Cristo, a Igreja resume-se a uma ONG.

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