quinta-feira, 25 de julho de 2019

Costa e uma estratégia quase perfeita

Quando estamos a dez semanas das eleições - sendo algumas delas de férias -, a sondagem do JN veio explicar aos portugueses o que vai acontecer a 6 de outubro. Em resumo: o PS tem mesmo a maioria absoluta ao seu alcance, o PSD sofre mais um colapso e o CDS disputa o lugar com o PAN.
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Os dados desta sondagem consagram o programa eleitoral do Partido Socialista, apresentado no fim de semana. Inteligentemente, trata-se de um completo menu de benfeitorias e soluções para os vários segmentos da população. Consultas de pediatria e ginecologia no Serviço Nacional de Saúde e distribuição gratuita de óculos aos menores de 18 e maiores de 65 anos. Aumento do complemento solidário para idosos e do abono de família. Revisão dos escalões do IRS e aumento das deduções fiscais por cada filho. Mais um novo programa de obras públicas, outro de combate à corrupção e o reforço das políticas de igualdade de género. Naturalmente, as pessoas que respondem às sondagens (como os portugueses em geral) só têm motivos para aplaudir.
Conversa diferente é saber onde é que este caminho nos vai levar. Quem costuma ler esta coluna conhece a minha opinião. Mas a questão, de momento, não é sequer essa. O importante é perceber que António Costa oferece uma solução de Governo progressista (pelo menos no folclore), reformista (mais não seja na aparência) e estimável (porque nos coloca mais dinheiro no bolso). Mas não só: Costa encarna e constitui-se referência de sensatez e moderação. Engolindo o centro político, ele explica-nos que o melhor modo de afastar os excessos de um Governo integrado ou apoiado pelo Bloco ou pelo PCP é dar uma maioria ao PS. E que, nessa medida, cada voto no PSD é um voto a favor da reedição da "geringonça". Uma vez que Rui Rio não está em condições de ganhar, o voto útil é no PS.
É uma estratégia quase perfeita. Duas pessoas não perceberam que ela estava a ser desenvolvida. Ambas precisam dos óculos grátis que o SNS vai oferecer. Chamam-se Rui Rio e Assunção Cristas.
Nuno Botelho, aqui

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