O Cemitério dos Esporões, na celebração da tarde deste dia 1 de novembro
1. E que tal, neste dia 2 de novembro e durante todo o Mês das Almas, pensarmos um pouco sobre a maneira como estamos encarar a morte, seja a de quem nos é próximo, seja a nossa?
2. O homem morre como as outras criaturas, mas é a única
criatura que sabe que vai morrer. Assim, a morte põe a nossa vida a nu. Faz-nos
descobrir que as nossas ações de orgulho, ira e ódio são vaidade, pura vaidade.
Apercebemo-nos, desapontados, que não amámos o suficiente e que não procurámos
o que era essencial. E, pelo contrário, vemos, a partir da morte, o que de
verdadeiramente de bom semeámos: os afetos pelos quais nos sacrificamos e que
agora nos levam pela mão. Então, o pensamento da morte é princípio de
sabedoria, daquela sabedoria do coração.
2. Ao choro de Marta pela
morte do irmão Lázaro, Jesus contrapõe a luz da fé e a esperança no amor mais
forte do que a morte: «Eu sou a
Ressurreição e a Vida; quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo
aquele que vive e crê em Mim não morrerá jamais. Acreditas nisto?» (Jo 11,25-26). Eis a
pergunta que Jesus repete a cada um de nós todas as vezes que a morte vem
arrancar o tecido da vida e dos afetos! Toda a nossa existência se joga aqui,
entre a vertente da fé e o precipício do medo. Que grande graça, se no momento da
morte guardarmos no coração a pequena chama da fé que as velas acesas nos
recordam. Então, Jesus guiar-nos-á pela mão.
3. Precisamos de valorizar os gestos de acolhimento, de
presença e de proximidade, de oração e de acompanhamento das pessoas, em
situações de luto.
4. Como estamos a comportarmo-nos nos velórios, Missa de Corpo Presente e nos funerais? Sabemos acolher quem está a sofrer, sabendo que mais do que palavras são necessários os nossos afetos, a nossa presença amiga, o nosso respeito pela dor de quem sofre?
5. Participamos com respeito nos funerais ou fazemos deles um falatório? Somos caritativos, ajudando e participando ou temos vergonha de levar uma cruz, uma bandeira, uma lanterna?
6. Já percebemos que a oração é o expoente máximo da caridade? O que de mais válido, fraterno e caritativo podemos oferecer por quem partiu é a nossa oração! Os nossos velórios são tantas vezes pagãos! Fala-se de tudo, daquilo que nada tem a ver com o momento, mas temos vergonha de rezar!
7. Participamos na Missa de Corpo Presente ou ficamos cá fora? Mesmo quem não tem fé, por amizade e solidariedade para com os familiares do defunto, deve entrar e estar respeitosamente. Então, se se trata de um crente que fica cá fora , a atitude é inconcebível e ofensiva.
8. Aproveitamos a oportunidade dos velórios e funerais para pensar na nossa vida? Preocupamo-nos em ler a nossa vida à luz da morte? Tomamos consciência que desta vida só levamos o que damos e nunca o que temos? Abrimos o nosso coração à oferta de salvação que Deus a todos oferece em Jesus Cristo?
9. Como encaramos a morte de um ente querido? Com o desespero pagão ou com a luzinha da fé no coração? "Nos braços de Deus te deixamos..."
10. Muita gente, quando se refere a uma pessoa falecida, costuma dizer: "Esteja onde estiver". É hoje socialmente correta esta expressão e de bom tom referi-la. Mas será cristã? Não será mais belo dizer, à luz da fé na Ressurreição "Confio que esteja em Deus"?
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