As pessoas têm muita dificuldade em assumir os seus erros e responsabilidades. E mais ainda, a necessidade de mudança de vida, de conversão.
Talvez porque se olha demasiado para fora e quase nada para dentro. A introspeção, a auto-análise, o exame de consciência não integram, geralmente, os hábitos do homem moderno.
Por isso, é mais fácil arranjar culpados fora. Aliás cada um é ótimo advogado de si mesmo e implacável acusador dos outros...
O menino porta-se mal na escola? A culpa é da situação económica, dos pais, da sociedade...
O trabalhador é um mau profissional? A culpa é dos baixos ordenados, do patrão que não motiva, dos problemas familiares...
Aquela pessoa não tem educação? A culpa é da família, do temperamento, das vicissitudes da vida...
O casamento corre mal? A culpa é da sogra, do trabalho, dele que é isto e aquilo, dela que é isto e aquilo...
O aluno tem notas baixas? A culpa é dos professores, da escola, das companhias...
O empresário é mau? A culpa é dos trabalhadores, das leis, da burocracia, da concorrência...
Não vivo nem pratico a fé? A culpa é da falta de tempo, dos padres, dos que lá vão...
Dou-me mal com os vizinhos? A culpa é deles que são picuinhas, egoístas, más línguas...
Entro em esquemas que não são éticos? A culpa é da sociedade, a pessoa tem que se safar, é preciso é subir na vida...
Etc, etc, etc
A mudança que tanto se reclama tem de partir de cada um de nós, da mudança de vida, da conversão. Muitos vezes exigimos mudança, mas desde que ela não nos toque...
Daí que a pessoa só seja verdadeiramente Pessoa na medida em que é capaz de olhar fundo e largo para dentro de si, auto-examinando-se, fazendo exame de consciência, enxergando-se, sem medo dos seus próprios defeitos, lacunas e limites.
Aqui pode começar, quando a pessoa tem verdadeiro estofo interior, o caminho da conversão, da mudança.
Não deixa de ser sintomático que as primeiras palavras de Jesus, ao iniciar a sua vida pública tenham sido exatamente estas: "Convertei- vos e crede no Evangelho" (Mc 1, 15).
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