Os pais casaram tardote. O pai, na casa dos sessenta, é um desempregado de longa duração, perdeu o direito ao subsídio de desemprego e está cheio de levar 'negas' daqueles a quem bate à porta, pedindo trabalho. A mãe, vítima doença de Parkinson, deixou de poder trabalhar e tem visto as juntas médicas negarem-lhe o acesso à reforma antecipada.
A irmã mais nova está na universidade. Ele trabalha. Ganha 600 euros limpos. Porque trabalha longe de casa, precisou de comprar um carrito que anda a pagar às prestações.
É este rapaz, na casa dos vinte e tal, que paga os estudos à irmã, que contribui para sustentar a casa, que paga a prestação do carro.
E mais. A Igreja da sua paróquia, muito bonita, estava em estado avançado de degradação. Os paroquianos, embora poucos, resolveram quotizar-se mensalmente para angariarem dinheiro para as obras de recuperação. Este rapaz não ficou atrás na colaboração. Fez questão de marcar presença e, cada mês, desconta para as obras 50 euros.
Não barafusta contra a vida e a sorte. Assume que a corda da vida se sobe a pulso. É uma pessoa em paz consigo e com a vida. Desta maneira, aceita prescindir de muitas coisas de que gostava para poder ser útil aos outros. Mas é assim que lhe sabe bem viver!
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