Vou lá muitas vezes. Mas ele sempre vem até mim. Não me larga noite e dia, como uma obsessão, como um agridoce.
Vou por motivos de trabalho. Outras vezes vou porque me sinto bem ali, sozinho, a conversar com ele.
O tema da nossa conversa é variado.
Muitas vezes, fico a contemplar a generosidade que ele me mostra em cada placa, em cada tijolo, em cada escada... Sinto-o a dizer: "Se vou crescendo, deve-se à bondade e generosidade das pessoas e das instituições que, apesar da crise, me estão a ajudar a crescer. Sou de todos e a todos agradeço as ofertas, apoio e carinho. Serei para todos, com imenso orgulho."
Noutras ocasiões dou comigo a falar com ele sobre a História e a vida. Segundo os historiadores, a Igreja paroquial - monumento do estilo românico, de transição para o gótico - data dos fins do séc. XII, princípios do séc. XIII. O que quer dizer que, em 8 séculos, mais nenhum grande obra a comunidade cristã edificou. Claro que foram aparecendo outras construções. Basta ver as diversas capelas edificadas nos vários povos da Paróquia, Santa Helena e Cristo Rei. Mas uma obra de grande envergadura, envolvendo TODA a comunidade paroquial, não apareceu. Só agora o Centro Paroquial.
Não foi fácil às pessoas da Idade Médio que aqui viviam levar a cabo uma edificação tão bela como a Igreja Paroquial. Imaginaremos, embora com alguma dificuldade, as condições sócio-económicas daquele tempo. Se as analisarmos com olhos de hoje, chegaremos à conclusão que eram tempos de miséria generalizada.
Também em tempos de crise económica, cabe às pessoas que aqui vivem ou daqui são ou desta terra são amigas levar para a frente, no primeiro quartel do séc. XXI, a segunda grande construção que somos chamados a deixar para o futuro desta comunidade.
Só somos dignos do passado quando deixamos ao futuro algo de novo, que não herdámos!
Há alturas, quando as coisas apertam, em ralho com ele. Muito! "És um miserável, sempre insaciável! Quanto temos, quanto queres. Nada te chega. E ainda por cima, vais deixar-nos endividados. Não tens vergonha na cara, seu egoísta!"
Então olho para ele que me responde com aquela cor de cimento, muda, mas falante. Muito sereno, parece dizer-me: " Calma, não te zangues comigo! Até porque sei que és meu amigo. Vai com calma e não dês cabo da saúde porque preciso de ti. Ora pensa um bocadinho. Pensa na alegria que é a comunidade ter este espaço todo para si. Imagina o buliço das crianças quando aqui vierem ensaiar e representar. Sente o seu sorriso e alegria. Imagina as grandes reuniões de pais, comodamente instalados e a sua participação nas temáticas que lhes dizem respeito. Imagina as grandes reuniões de jovens e as diversas atividades que poderão realizar nestes meus espaços. Imagina os grupos, associações civis que se podem reunir, divertir, formar, conviver. Vês, até uma cozinha lhes vou oferecer para que tudo lhes seja mais fácil. Imagina tantos idosos isolados e sozinhos que, gratuitamente, aqui podem conviver e passar um bocado do seu dia. Imagina as grandes celebrações, quando a Igreja se torna pequena. Aqui todos podem ficar dignamente instalados, o que facilita o louvor a Deus.
Ah! E pensa: não gostas de ver as pessoas contentes? Então vê que as duas ruas laterais que me envolvem vão ficar mais largas...
Vês! Ainda está chateado comigo? Só preciso que me ajudem a crescer. Depois serei útil a todos."
Há coisas a nível construtivo que não percebo. Não é o meu campo de ação. Embora acompanhando, deixo para quem sabe, Eng. Paulo, Comissão da Igreja e Trabalhadores. Entre todos tem havido um clima de boa e franca colaboração. Todos têm sido fantásticos e merecedores da gratidão da comunidade.
Vou procurando, dentro dos meus limites, antecipar assuntos que têm a ver com a funcionalidade do edifício e alguns elementos decorativos. Por exemplo, nestas últimas horas, tenho pensado muito em como colocar ali uma Imagem de Santa Helena, uma vez que ela é o patrono do Centro. Uma imagem digna de granito vai para dezenas de milhar de euros e euros não existem. Teremos que recorrer a outra maneira...
Há coisas que têm que ser vistas com antecedência. Desde a colocação ou não de uma porta, até à divisão de espaços, passando por materiais a utilizar. No respeito pela planta e na atenção à realidade e à funcionalidade.
Costumo dizer a mim mesmo que, neste momento, tenho três paróquias:
- Paróquia de S. Pedro de Tarouca
- Centro Paroquial Santa Helena da Cruz
- Jornal Sopé da Montanha, blogues e facebook
E o problema - também o desafio - é que cada uma delas se acha única e exige como se as outras não existissem...
E por fim, permitam-me este testemunho. Não há dia nenhum em que não fale com Deus sobre o Centro. Eu sei que nada de bom se consegue sem a oração. Eu sei que Deus não falha. Eu sei que só Ele move os corações. Eu sei que a Sua Bondade é sem limites.
Louvado seja Ele que me faz correr na vida!
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