segunda-feira, 24 de março de 2025

«Uma Igreja que não fala dos problemas das pessoas não pode esperar que os jovens se aproximem» – Filipe Moisés Francisco


 Filipe Moisés Francisco, doutorando em Engenharia do Ambiente pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUCP), que se assume como católico praticante,  considera que a Igreja deve ser mais interveniente face às questões sociais e políticas do país.

“Acho mesmo fundamental que se fale dos problemas que as pessoas têm hoje, porque uma Igreja que não fala dos problemas das pessoas, voltada, única e exclusivamente para as questões da moral, e que se esquece que o dia-a-dia das pessoas vai muito além disso, as dificuldades das pessoas vão muito além disso, não pode esperar que os jovens se aproximem”, refere o convidado da entrevista semanal Ecclesia/Renascença, publicada e emitida aos domingos."

“Espero que os nossos padres e os nossos bispos façam o seu trabalho e, sobretudo, que se pronunciem mais sobre os problemas dos jovens. Eu não ouço os bispos a falarem dos problemas da habitação, dos problemas da precariedade”, adverte.

O entrevistado lamenta os problemas que os estudantes enfrentam, para encontrar habitação, e considera preocupante a precariedade laboral entre os trabalhadores mais jovens.

Eu acho que nós ainda não estamos a aproveitar suficientemente bem este período em que temos a graça, porque é mesmo uma graça, de termos o Papa Francisco”.

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sábado, 15 de março de 2025

sexta-feira, 7 de março de 2025

NEM NA MORTE SOMOS LIVRES!


Um dos fenómenos que mais me inquieta, em quase trinta anos de padre, é o modo como são tratadas (ou destratadas) as pessoas aquando da sua morte. Sobretudo no que diz respeito ao funeral católico. Até porque creio piamente que a sua salvação/condenação não depende de as levar ou não à igreja, ter ou não “missa de corpo presente”… Duas dúvidas existenciais (e provocatórias):
(1) Se o defunto, ao longo da sua vida, nunca quis nada com a igreja, não participava na Eucaristia e da comunidade, vivia como ateu (agnóstico ou pagão), por que é obrigado pela família a ter funeral religioso? Não será uma falta de respeito para com o próprio defunto? Se no exercício da sua liberdade, optou por viver afastado, agora que não fala, não anda, não vê e não ouve (nada pode decidir) outros decidem por ele, contra aquilo que foram as suas escolhas terrenas e os seus critérios de vida? Se fosse comigo, antes de morrer, deixaria bem claro que não permitiria tamanho destrato; ou, se fosse minha responsabilidade organizar o funeral desse defunto, jamais aprovaria essa hipótese. Sempre por respeito ao defunto e consciente de que Deus não faz depender a sua salvação/condenação deste “evento social”.
(2) A segunda dúvida prende-se com a sempre rápida canonização dos defuntos: “era boa pessoa”. Nessora, acontece uma milagrosa amnésia coletiva que leva a esquecer as condutas pouco recomendáveis de alguns defuntos (violento, corrupto, adúltero/infiel, vigarista, mentiroso, viciado, má língua, avarento, preguiçoso, etc.) e vão debitando um rosário de elogios e virtudes que, em alguns casos, me obriga a confirmar se, no caixão, está mesmo o defunto que consta do funeral. Por haver o risco de “errar no alvo” recomenda o Ritual das Exéquias: «Depois do Evangelho deve haver uma breve homilia, evitando, porém, a forma e o estilo de um elogio fúnebre» (nº 79).
É um facto: há muitos a viver longe de Deus, agarrados às suas verdades, paixões, caprichos e prazeres. Vidas mundanas. Não querem saber de Deus, nem da Igreja nem da Missa ao Domingo. Escolhas. Decisões. Quando morrem, mesmo que raramente tenham posto os pés na igreja (e até se rirem e criticarem quem o faz), a família obriga-os a ir. Como se, passar por lá num caixão carregado aos ombros, fosse livre trânsito para o Céu!
(P. António Magalhães Sousa), aqu

sábado, 1 de março de 2025

A Humilhação que Não Foi

 Fiquei sem ar, confesso. Mas no final, fiquei orgulhoso do Presidente Zelenski. Num mundo, cada vez mais, sem líderes, hoje senti-me representado.

Há cenas que entram para a História não pelo que se disse mas pelo que ficou por dizer. O espetáculo que se desenrolou na Sala Oval foi um desses momentos em que o mundo piscou os olhos, desconfortável, horrorizado, estupefacto, enquanto um Presidente de um país devastado pela guerra era transformado em objeto de escárnio pelo Presidente do mais poderoso país do mundo, e pelo seu fiel escudeiro, um lambedor de botas com nome de detergente.
O que se passou ali foi uma humilhação, sim, foi, mas não para Zelensky.
O Presidente da Ucrânia entrou num covil de hienas, quais marionetas, orquestradas pelo ditador russo, sabendo bem onde estava. Era uma armadilha montada com a precisão cirúrgica dos cobardes, desenhada para transformá-lo num pedinte, num cão maltratado que, na ótica dos anfitriões, deveria mendigar com as patas estendidas. Mas eis o problema dos ditadores e dos seus bajuladores: confundem dignidade com fraqueza, confundem coragem com desespero.
Zelensky ficou ali, sentado, ouvindo palavras agressivas, palavras mentirosas de gente pequena que se acha grande. Não ripostou com raiva, nem se dobrou em subserviência. Limitou-se a exteriorizar o que lhe ia no peito, com humildade mas sem ceder. A sua postura, naquele momento, foi suficiente para que a farsa se revelasse.
Trump, o eterno fanfarrão, e J.D. Vance, o seu ajudante de palco, atacaram como pugilistas furiosos cheios de coisas dopantes. Julgavam eles que, como crianças inocentes, estavam a derrubar um castelo de areia. Mas o problema, para eles, claro, é que o castelo se manteve de pé.
A guerra não terminou, a Ucrânia não caiu, eles não ficaram com os biliões do minério e o homem diante deles era a prova viva de que, afinal, nem sempre os maus vencem. Eles queriam ver um derrotado, mas o que encontraram foi alguém que, mesmo esmagado pelo peso dos que se julgam donos do mundo, se recusa a ser pequeno.
A História tem destas coisas. Quem ri hoje pode estar a chorar amanhã. E os ditadores, por mais que se armem de tanques e de asseclas servis, nunca entendem isto: quando a hora chega, os povos lembram-se de quem lutou, não de quem gritou mais alto.
Zelensky não precisou de vencer aquela batalha verbal. O embaraço ficou para os outros. A diferença entre um líder e um palhaço é que o primeiro não precisa de plateia.
E os que hoje gargalham sobre o que se passou na Sala Oval? Que aproveitem o espetáculo enquanto podem. Porque no fim, e a História nunca falha nisto, quem humilha será sempre o humilhado.
Obrigado Presidente Zelensky!

Paulo Costa, aqui

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Francisco dançará connosco o seu último tango

1.
tudo ou quase tudo se disse.
Francisco tem 88 anos e uma saúde frágil.
Está internado e o mundo que dele gosta e o admira reza por ele, mesmo os que não sabem rezar.
Tem sido um privilégio ser seu contemporâneo.
E temos de aproveitar Francisco enquanto aqui está.
De lhe agradecer a chispa de luz que continua a sair do seu corpo, do seu olhar terno, das suas desarmantes palavras.
Recordo-me de o ter visto a lavar os pés a um preso transsexual na Quinta Feira-Santa, noite em que se celebra a Última Ceia.
Lembro-me de o ter observado na visita que fez a um albergue de prostitutas. A maneira como as ouviu, como com elas trocou correspondência.
Lembro-me daquele homem deformado que nos obrigava a virar a cara, o modo como Francisco se aproximou e o abraçou e lhe beijou as feridas durante uns segundos que me pareceram a eternidade.
Lembro-me de Francisco celebrar a missa para uma Praça de São Pedro deserta pela força de uma pandemia que nos ameaçava com o holocausto.
Lembro-me de como convocou as vítimas de pedofilia para o palácio, de como incentivou os bispos em todo o mundo a abrirem as suas caixas de Pandora.
Lembro-me de o ver com crianças, a responder-lhes a todas as perguntas ou a pedir aos artistas para não se esquecerem dos pobres.
Lembro-me quando nos disse que era humano, que gostava de futebol e que adoraria poder voltar a passear incógnito nas ruas de Buenos Aires e a dançar um tango de Piazolla com uma mulher bonita.
2.
Sabes o que Francisco disse a Tolentino Mendonça quando o conheceu fora dos cumprimentos de circunstância?
“Senhor padre, acha que me pode conceder cinco minutos do seu tempo?”
Tolentino ficou atrapalhado, sem saber onde meter as mãos e o sorriso.
“Sua Santidade, o senhor é que me tem de conceder um bocadinho do seu tempo”.
E eles foram e encontraram-se no pequeno quarto de Tolentino, divisão que lhe fora destinada num retiro em Roma que, à última da hora, soube que teria a presença de Francisco.
Falaram quase uma hora.
E sabes do que falaram?
De Fernando Pessoa e de Jorge Luís Borges.
E no final da conversa, Francisco fez silêncio e perguntou a Tolentino se queria rezar com ele.
3.
Francisco convoca-nos para a ideia de pertença, para o martírio da esperança, para a urgência de questionamento, para a responsabilidade de estar à altura, para a vontade de combater por um mundo mais largo, para a constatação de que um ateu ou um agnóstico é também filho de Deus – mesmo que para ateus e agnósticos Deus continue a não existir.
E nele não há ponta de medo, já repararam? É como se levitasse por entre contrariedades, obstáculos, inimigos – que os tem e não tão poucos quanto isso.
4.
Impressionante como não se deixou corromper no olhar, a sua mais poderosa das armas. Um olhar capaz de devolver a dignidade aos que estão na cave do mundo,
Um homem que tendo feito tanto, que tendo aberto tantas portas, continua a precisar do abraço do mundo para que a revolução não morra com ele.
Sobretudo por estas horas.

Luís Osório, aqui

 

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Morreu Pinto da Costa, o dirigente com maior longevidade mundial, maior currículo europeu e maior história nacional

Morreu Pinto da Costa, o dirigente com maior longevidade mundial, maior currículo europeu e maior história nacional


O FC Porto está de luto pelo falecimento de um nome histórico não só para o clube, mas para todo o mundo do futebol. De 23 de abril de 1982 a 7 de maio de 2024, contaram-se 42 anos e 16 mandatos. Percurso recordista e inigualável do presidente mais titulado de sempre, que aos dragões, termo que cunhou, dedicou quase toda a vida, entre seccionista, diretor para o futebol e presidente. Foram 69 títulos no futebol e mais de 2500 entre todas as modalidades. Transformou totalmente o clube, que de conformado, tímido e receoso se fez marca mundial, com expressão evidente no palmarés internacional, o mais rico do futebol português, com sete conquistas, incluindo duas Ligas dos Campeões. As alegrias que proporcionou aos portistas foram, por si mesmas, também uma das maiores felicidades de Pinto da Costa, que tantas evocava o impacto desses momentos na vida de quem tinha pouco mais por onde sorrir.

Disruptivo e obstinado, de sentido de humor sempre apurado, ironia refinada e orador natural – discursava 20 minutos sem olhar sequer para uma cábula – Pinto da Costa despertava paixões e ódios bem acesos. Foi venerado pela nação azul e branca em nome de um trajeto de sucesso que trilhou fazendo frente a tudo e todos. Rivalidades e disputas que bateram no máximo, à medida que o FC Porto se fazia cada vez maior: de várias formas, crescia na hostilidade, contra tudo e contra todos virou lema. Rodeado, nos primeiros tempos, por nomes de confiança extrema, como José Maria Pedroto, Luís Teles Roxo e Reinaldo Teles, o líder fazia da guerra ao centralismo uma bandeira paralela à azul e branca. Se nunca é só futebol, nos dragões ainda menos e Pinto da Costa nunca se incomodou ou hesitou em ser polémico. Animosidade será dizer pouco sobre as sensações que despertava nos rivais, mas indiferente a ele é que ninguém era.

Escutava várias opiniões, mas a decisão para o homem do leme cabia sempre a Pinto da Costa, que tinha um olho clínico para os escolher. Desde o “mestre” Pedroto a Sérgio Conceição, o mais longevo e titulado em 42 anos, foram poucos os treinadores que saíram do clube sem lhe acrescentar troféus, mesmo aqueles que chegaram às Antas e ao Dragão sem saber o que isso era. Como Artur Jorge, campeão europeu em Viena, em 1987. Bobby Robson, António Oliveira, José Mourinho, Jesualdo Ferreira, André Villas-Boas, que mais tarde haveria de reentrar no clube com estrondo, foram outros exemplos de apostas arrojadas e bem sucedidas, potenciando grandes equipas e jogadores para a história. Todos se rendiam à visão e palavra do presidente, astuto nos momentos mais delicados. Podia ser uma presença (sempre forte) num treino depois de um mau jogo, podia ser sair ao lado de Fernando Santos depois do Torreense deixar as Antas em choque – meses mais tarde, em 1999, celebrar-se-ia o único pentacampeonato que Portugal testemunhou.

O futebol mudou, vieram as sociedades anónimas desportivas e transferências por valores sempre crescentes. Veio uma Champions, a última ganha fora das grandes ligas, pouco antes de rebentar o processo Apito Dourado. Abanou o clube, mas Pinto da Costa foi absolvido de todas as acusações de corrupção desportiva e os seis pontos no campeonato que tinham sido retirados em 2007/08 acabaram por ser repostos.

Além de um novo estádio e um centro de treinos, chegou um pavilhão e um museu vanguardista. Os títulos continuavam a ser um hábito. O FC Porto potenciava talento, lucrava e repetia o processo, com Pinto da Costa reconhecido por ser negociador exigente.

No entanto, com a lei do tempo, veio também o desgaste. Traços marcantes da gestão viam-se menos e chegou o período mais duro: quatro épocas sem ganhar o campeonato (2014-2017) foram uma eternidade. Uma última investida, à boleia de Sérgio Conceição, repôs a normalidade em campo, mas a massa adepta que com Pinto da Costa se fez exigente e que durante décadas em nele tudo confiou, vaticinou outro rumo. Depois de alguns avisos, nas eleições de 2016 e 2020, o ato eleitoral mais participado de sempre deu a presidência a André Villas-Boas com 80% dos votos e Jorge Nuno, quase uma vida depois, recuperou o nome próprio e voltou a ser só adepto do FC Porto.

Um último livro, “Azul até ao fim”, impactou pela fotografia de Pinto da Costa ao lado do caixão que escolheu para o funeral que pagou do próprio bolso e de forma antecipada. Ao mesmo tempo que abraçou a inevitabilidade da morte com uma naturalidade desconcertante, assumiu mágoas e listou quem não queria presente nas cerimónias fúnebres.
Fonte: aqui

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Para reconhecer uma pessoa INGRATA


Geralmente, a ingratidão comportamental esconde-se atrás da incapacidade de reconhecer o valor das coisas. São corações desprovidos de apreço e muito hábeis quando se trata de aproveitar a bondade dos outros.

Ingratidão: seu impacto no nível interpessoal é enorme e exaustivo. Uma pessoa ingrata é alguém sem habilidades de inteligência emocional e incapaz de se conectar profundamente com os outros. Porque a gratidão é alimentada pela apreciação.

1. A personalidade ingrata apresenta grande cegueira ao investimento emocional dos outros. São figuras que não sabem o que é a valorização dos outros e que nunca exercem essa palavra chamada “reciprocidade”.

2. Os ingratos normalizam e assumem que são sua prioridade e que você terá deferência com eles.

3. É comum que pessoas ingratas enganem primeiro com sua falsa bondade. Esses comportamentos, dominados a princípio pela referida deferência, nada mais são do que um engodo. Eventualmente, tirarão a máscara e agirão de acordo com sua essência: com egoísmo e ingratidão. Mas primeiro eles vão fazer você acreditar que são pessoas de confiança e essa mudança repentina, claro, é vivenciada de forma dolorosa. Perceber que você caiu nessa armadilha é frustrante.

4. É comum observar o seguinte nos ingratos:
- Baixa empatia.
- Regulam mal suas emoções.
- Não sabem como resolver conflitos.
- Sua comunicação não é muito hábil.
- Ficam com raiva com mais facilidade.
- Tendem a agir impulsivamente.
- Não percebem suas necessidades

5. Ao reconhecer uma pessoa ingrata, observe suas reações. Geralmente, são homens e mulheres que foram criados sem valores e sem estabelecer limites. 

6. Ingratos = A CERTO TIPO DE NARCISISTAS.

7. Pessoas ingratas são incapazes de agir com ética e maturidade porque não sabem exercer a responsabilidade pessoal. Elas não estão cientes de que suas ações têm consequências.

8. Exigem e acham-se os mais autónomos. "Ninguém manda em mim". "Eu é que sei". "Não   admito que ninguém se meta na minha vida".  Atitudes adolescentes que conservam pela vida fora...

9. Há outra nuance característica nos ingratos, e é o fato de serem indivíduos que nunca se sentem satisfeitos. Normalmente, você verá isso através dos seguintes comportamentos:
- Eles  vitimizam-se persistentemente.
- São pessoas que tendem a reclamar constantemente.
- Tentar agradá-los é frustrante e exaustivo.
- Não importa o quanto você tente, você nunca os verá felizes.
- Sempre menorizam  o que você faz por eles.
- Passam do oito ao oitenta e vice.versa, enquanto o Diabo esfrega um olho...
- Julgam-se e comunicam-se como se fossem o centro do mundo, os melhores...

10. Ao reconhecer uma pessoa ingrata, observe suas mudanças. Como mencionamos, essas pessoas carecem de inteligência emocional. Isso faz com que não saibam regular suas emoções negativas e se deixem levar por elas. Haverá dias em que mostrarão alegria e positividade e, depois de um tempo, se tornarão hostisEles saltam de um estado emocional para outro e você é sempre a vítima que sofre seus efeitos.

11. Uma característica distintiva da pessoa ingrata é o  egoísmo persistente. Só as necessidades deles importam, as suas não existem nem serão levadas em consideração se você as expressar.

12. Geralmente, se a pessoa ingrata é descoberta e é solicitada uma mudança, ela quase sempre responde de maneira hostil e ameaçadora.
Tirado: Daqui

"Os infelizes são ingratos; isso faz parte da infelicidade deles." (Victor Hugo)

"A Ingratidão é privilégio dos fracos e dos covardes." (Izzo Rocha)

Ao INGRATO, de que servem palavras de ocasião que parecem traduzir gratidão e desculpas, SE AS OBRAS CONTRADIZEM TUDO O QUE EXPRESSA POR PALAVRAS?
Que o ingrato mostre por obras que rejeita a ingratidão!!!




"Não somos só as asneiras que cometemos na vida"; somos, muito mais, as ações que demonstram arrependimento e que estamos a mudar. Para o ingrato, se houve um passado, também pode haver um futuro. Basta querer...

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

não se perde aquilo que já está perdido nem se afasta aquilo que já está afastado

 A nossa sociedade fomenta clientelismos e compadrios ao ponto de que qualquer cidadão se habituou a conseguir atingir os seus objectivos, contornando esquemas com base em cunhas, jeitos e compras. Quando não consegue por estes meios, usa-se o sistema pressing ou o sistema comparison. O primeiro usa-se sobretudo com ameaças de que se não for assim, acontece assado, se não for deste modo, eu vou dizer. O segundo usa-se para tentar rebaixar o alvo em comparação com aqueles que são permissivos e que, como tal, são os designadamente bondosos. O senhor não faz, mas eu sei quem faz. O senhor é que não quer, porque outros fazem. O problema é que aqueles que estão habituados a estes sistemas para satisfazerem os seus desejos e necessidades são os mesmo que vão à Igreja pedir coisas com o mesmo tipo de vontade e hábitos. Cansa. Cansa mesmo. Mas a gente vai amadurecendo. E quando me dizem que vão fazer, tal como querem, a outro lado, porque o padre tal é que é bom porque faz as vontades, eu sou o primeiro a dizer-lhes que vão e que aproveitem. Ou quando me dizem que assim é que a Igreja perde as pessoas ou que assim é que as pessoas se afastam, eu recordo-lhes que não se perde aquilo que já está perdido nem se afasta aquilo que já está afastado.

Fonte: aqui

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - Em 2025, já morreram 4 mulheres!


Todos os anos morrem mulheres às mãos dos maridos, namorados ou ex-companheiros, vítimas de violência doméstica. Mas morrem também às mãos dos filhos e de outros familiares. E os homens também não escapam a estas estatísticas negras

Fonte: aqui

QUE ESTÁ A SER FEITO PARA ACABAR COM ESTE FLAGELO QUE NOS ENVERGONHA E NOS ACUSA A TODOS?
A nível político não se vê nada de impactante. À esquerda, ao centro, à direita, parece que anda tudo a dormir, sem ideias, sem projetos, sem decisões. Falta ver ao longe e ao largo. Mais do que reagir, é preciso pró-agir. Às vezes os nossos políticos parecem tão ocupados com o "sexo dos anjos" que o importante e dramático lhes passa ao lado... Ui, se fosse para fazer passar causas fraturantes, andavam muitos deles numa roda viva.  Assim, como se trata da dignidade da vida humana...
A comunicação social  parece alinhar com a posição dos políticos. Vai denunciando os factos mas fica quase sempre por aqui.  Falta uma vaga de fundo, uma campanha que toque e mobilize as pessoas do nosso tempo. 
As famílias - seja que tipo de família for -precisam de se questionar, séria a frontalmente, que valores vivem e transmitem.
A  sociedade lusa preciosa de parar de ser superficial e centrar-se nas grandes causas: DONDE VIMOS? O QUE FAZEMOS AQUIU? PARA ONDE VAMOS?
A  sociedade lusa preciosa de parar de ser superficial e centrar-se nas grandes causas: DONDE VIMOS? O QUE FAZEMOS
Uma sociedade com metas que alavanquem a esperança. Uma sociedade que emigre do individualismo egocêntrico e padre de materialismo rumo ao Homem Total, onde a dignidade da pessoa humana assenta arraiais e tem Deus como construtor.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

É uma opinião...

 Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais.

Ia para escrever que tudo se resume à implementação (muito se implementa hoje em dia) dos conselhos pastorais paroquias e diocesanos. Mas escrevo antes:

Quase tudo se resume à implementação dos conselhos pastorais paroquias e diocesanos.

É tão pouco.

Fonte: aqui

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

D. AMÉRICO AGUIAR INCENTIVA JOVENS DE TAROUCA A FAZEREM A DIFERENÇA


A EB2,3/S Dr. José Leite Vasconcelos recebeu hoje a visita do Cardeal D. Américo Aguiar, que participou numa Palestra Sobre os Direitos Humanos, onde incentivou os jovens presentes a “Pensar o Futuro com Esperança”.
Numa intervenção marcada pela proximidade aos jovens, D. Américo Aguiar sublinhou a importância das relações humanas, alertando para a necessidade de equilibrar o mundo digital com a realidade, referindo que “o mais importante são as pessoas, cada uma das pessoas. Quando nos sentimos desconfortáveis, encontramos conforto na rede de quem nos suporta, nos nossos pais, irmãos, amigos”.
A abordagem cativante do Cardeal despertou grande interesse junto dos estudantes, que escutaram atentamente os desafios deixados para refletirem sobre o que os torna verdadeiramente felizes e o impacto positivo que podem ter na sociedade.
A sessão contou com a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Tarouca, José Damião Melo, e da Vereadora da Educação, Susana Gouveia. O Vice-Presidente destacou a relevância deste tipo de encontros para o crescimento pessoal dos jovens, sublinhando que “é fundamental proporcionar aos nossos jovens momentos como este, que os ajudam a refletir sobre os seus valores e o papel que podem ter na construção de um futuro melhor”.
Município  de Tarouca, Facebook

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Autoestradas para o Céu? Não, obrigado!

 Estes dias, mediante algumas leituras e conversas informais, despertaram-me atenção e causaram-me perplexidade os modos como, em ambientes eclesiais, se apresenta a vida do jovem Carlo Acutis, que, em breve, será canonizado. Na verdade, evitando mal-entendidos, não duvido da santidade deste jovem que viveu, com bondade imensa, a sua curta vida. Todavia, tal não invalida que nos possamos interrogar acerca do modo como apresentamos a santidade ao jovem hodierno.

Autoestradas para o Céu?

Na página oficial deste jovem, destacam-se recursos sobre algumas mostras itinerantes sobre Os apelos da Virgem, aparições e santuários marianos no mundoAnjos e Demónios e Inferno, Purgatório e Paraíso. De imediato, interroguei-me: serão estes temas os mais atrativos e reconhecidos como críveis de sentido para os jovens de hoje? Na verdade, não estou a negar a importância destes temas para a vida cristã, apenas me interrogo sob a forma como os apresentamos como conditio sine qua non para a santidade. A minha reflexão não se detém no caminho de seguimento de Jesus Cristo percorrido por este jovem, mas naquilo que se anuncia em determinados meios eclesiais acerca da sua vida.

Quando se afirma que a eucaristia é a autoestrada para o céu ou que vamos diretos para o Céu se nela participarmos todos os dias, mediante a comunhão e adoração, não se estará a resvalar para uma visão redutora ou simplista? Não é também a eucaristia o sacramento da comunidade humana que estamos chamados a construir? Não se nega o que é dito, mas não nos estará a escapar que o pão eucarístico se parte para que, pelo dom de nós próprios, isto é, eucaristizando-nos, seja repartido por todos? 

Da missa à missão

Folhagem

“A eucaristia – encontro dos fiéis com Jesus Cristo, percetível pelos sentidos -, enquanto mistério da salvação de toda a Humanidade, é o modo como essa dádiva divina incarna no nosso mundo, originando o corpo eclesial como sua mediação.” Foto © Joaquim Félix

A eucaristia – encontro dos fiéis com Jesus Cristo, percetível pelos sentidos -, enquanto mistério da salvação de toda a Humanidade, é o modo como essa dádiva divina incarna no nosso mundo, originando o corpo eclesial como sua mediação. A eucaristia é uma ação em favor da humanidade na medida em que é a atualização da ação salvadora de Deus em favor da humanidade. Quando nos deixarmos atravessar por tão desarmante dádiva patente no gesto pascal de Jesus, germinará em nós a atenção generosa, a resposta responsável, a fecundidade criadora, a inteligência sensível e a simplicidade de uma vida elementar.

Portanto, quando afirmamos que, se participarmos e comungarmos, todos os dias, na Eucarsitia vamos diretos para o Céu, não nos estará a escapar que a eucaristia é sacramento da comunidade humana a construir. Na ação celebrativa não somos transfigurados em pão para que todos nos tornemos dom? Aliás, como patenteia Alexandre Freire Duarte os sacramentos recordam-nos que nada na vida cristã é somente para nós. Na eucaristia, os frutos objetivos são comunicados na celebração, mas a sua fruição subjetiva implica a vivência eucarística, porque este sacramento torna-se fecundo quando nos entregamos eucaristicamente aos demais.

Na eucaristia, dá-se o reconhecimento atualizador de Deus que salva em Jesus Cristo, dando-se em alimento para nos unir a Ele, unindo-nos aos outros. Enquanto Ele se dá na pequenez do pão das nossas dores e no vinho nas nossas alegrias, abre tempos e espaços para as palavras que haveremos de dizer, para os gestos que haveremos de fazer, para as obras que haveremos de criar e para as relações que haveremos de ser, no concreto do nosso quotidiano, como indivíduos e como comunidade de crentes (cf. José Frazão). 

Um kit para a santidade

capa livro carlo acutis LeYa / ASA

“Queres ser santo de modo rápido, fácil e barato? Nós temos o kit ideal!” Foto: Capa do livro Carlo Acutis LeYa / ASA

 No referido site, há um kit para a santidade, formulado para adolescentes e jovens, que propõe, por exemplo, participar na eucaristia e comungar a sagrada comunhão todos os dias, rezar o santo rosário todos os diasa adoração ao Santíssimo em frente ao sacrário onde Jesus está realmente presente. E, assim, cumprindo tudo o que se indica, o nosso nível de santidade aumentará prodigiosamente. Não estou a duvidar dos conteúdos expostos, mas do modo como se afirma – de modo rápido e mercantilista – que, se cumprirmos tudo, o nosso nível de santidade aumentará prodigiosamente. Queres ser santo de modo rápido, fácil e barato? Nós temos o kit ideal!

Quando me deparei com este kit para a santidade, recordei-me das aulas de Teologia Espiritual do professor Alexandre Freire Duarte. No decorrer da lecionação, com acerto, insistência e clarividência, explicava que, na vida espiritual, as promessas de rapidez são sempre de desconfiar, porque a configuração com Jesus acontece progressivamente. E, continuava ele, tudo o que não é progressivo, lento, adaptável é de evitar, porque o processo de seguimento de Jesus é belo e dador de felicidade, mas nunca é fácil ou rápido, porque, pelo menos, custa o nosso egoísmo.

Portanto, creio que não há um kit ideal para aceitar a ação do Espírito de Cristo, porque há uma variedade de percursos próprios de cada pessoa, vividos em comunidade como graça para todo o Corpo de Cristo e para o mundo. A configuração com Cristo é progressiva e dinâmica, vivida em Igreja e no embate com os acontecimentos quotidianos da sociedade.

O caminho de configuração com Jesus não é uma linha reta ou uma progressão constante, mas tece-se de continuidades e ruturas, onde os períodos de purificação, de iluminação e de comunhão no amor se sucedem em espiral. Deus não é apressado, e não lhe importa o tempo que demora a Sua ação a ser eficaz em nós, mas a qualidade do amor, da obra que realiza em nós com o nosso consentimento.

Ao amor de Deus corresponde o empenho da nossa liberdade, num processo lento e gradual. É a relação viva entre quem recebe um dom e procura corresponder-lhe. O processo de conversão não é cronológico, mas relacional, contínuo e obra de uma vida; não se dá no espaço de uma quaresma ou recorrendo a qualquer kit

Pedro Sousa, aqui
Pedro Sousa é padre da diocese de Braga e assistente do CNE na Região de Braga.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

SOMOS AS NOSSAS ESCOLHAS E PRIORIDADES (Cultura é diferente de soltura. E também há “concertos” sem conserto.)

 Diz a sabedoria popular que “uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto”. Talvez seja uma referência a uma espécie de troca de favores necessária à existência humana; não era tanto, como nos nossos dias, uma alusão à concessão ilegítima de favores, mas uma admissão de que nenhum ser humano poderia viver sem os demais. Hoje, nas práticas “modernas” significa algo como "tu fazes-me um favorzinho, e eu faço-te outro em troca”; “tu alinhas connosco (aparas os nossos interesses) e nós deixamos-te em paz = a vida corre-te bem”. Não vou por aí. Corrupção conjuga-se de vários modos… Prefiro falar com os meus atos. Não vivo de demagogia, populismo ou meias-verdades. Serei senhor das minhas decisões. Sempre.

Há gente que continua a pensar que o padre é o parente pobre (bobo da festa) das suas arruadas sociais, estratégias políticas ou exibições religiosas. Àqueles que se desdobram por todos os poros em iniciativas ditas culturais poderia sempre contrapor que a primeira e principal “iniciativa cultural” para os católicos (desde antanho, milenar) é celebrar a fé que, demagoga e cinicamente, continuam a dizer professar, mas nada lhes diz = Eucaristia dominical. Uma coisa são as palavras (“leva-as o vento”) outra, bem diferente, são as ações, que confirmam de modo evidente o oportunismo (cinismo, populismo) vigente.
Há quem não tenha tempo (vontade) para cumprir o dever mínimo dos católicos, ou seja, participar ao Domingo na Missa (“Santificar Domingos e festas de guarda”), mas tenha tempo a rodos para participar em concertos e cantorias esganiçadas (e até as partilhar eufóricos nas redes sociais), afoitos em preservar as tradições profanas (fazendo-as passar por religiosas! = fezadas mundanas), passeatas pedonais, regabofes culturais, atividades desportivas, corridas temáticas ou festivais de gosto muito duvidoso.
O povo diz que “quem dá a noite não dá o dia”. Não tenho dúvidas. Desdobram-se em esforços para o que lhes interessa (dá jeito), atolam-se em razões para desculpar as ausências colossais e capitais. Quem não é capaz do essencial e se orgulha do acessório é, como diz o sábio das Escrituras, um insensato (néscio, leviano) ou, então, prima pela ilusão e/ou absurdo existencial: «Vaidade das vaidades – diz Coelet – vaidade das vaidades: tudo é vaidade». (Ecl 1,2)
Felizmente, sempre tive prioridades e não alinho em fantochadas, estratagemas pérfidos ou oportunismos bacocos. Onde quero estar, estou; onde não quero estar, não arranjo desculpas. Sempre fiz questão de assumir as rédeas da minha vida e não andar ao sabor de interesses pacóvios sejam de que ordem for. Cultura é muito mais que estar num lugar. Falta de cultura (analfabeto, inculto) é não saber discernir o essencial do acessório, as obrigações das paixões, as modas das negociatas.
Quem se vangloria do secundário e se desculpa do principal terá talvez/apenas a credibilidade das suas palavras rotas e gastas. Porque aquilo que vou vendo em muita gente que se diz culta revela bem mais soltura da língua que propriamente bagagem cultural. E quem acha que me come de cebolada com as suas cantilenas vãs ou “provocações parolas” apenas se dá ao desplante de atestar as suas limitações, porque há muito eu sei que "ao ‘amigo’ que não é certo, com um olho fechado e outro aberto".
(P. António Magalhães Sousa), aqui