terça-feira, 3 de agosto de 2021

O melhor túmulo dos mortos é o coração dos vivos

No domingo passado, aos 85 anos, partiu para os braços do Pai D. Alzira dos Santos, esposa do sr. Zeca Castro que, nos seus 102 anos de vida, é o homem mais velho desta comunidade.
Diz a canção: "Ter um amigo é bom, vê-lo partir faz sofrer". D. Alzira, uma grande amiga. Desde a primeira hora da minha presença nesta comunidade, há 30 anos. Ainda recordo a sua palavra sentida e autêntica quando há 13 anos minha mãe faleceu: "A partir de agora, serei também sua mãe". Todos, antes da pandemia, no Dia da Mãe, ia entregar-lhe uma flor.
De uma fé simples, mas enraizada, cristalina e assumida, D. Alzira era uma presença assídua nas celebrações que ocorriam na Igreja Paroquial onde ela era zeladora do altar de Nossa Senhora do Rosário.
Quando a doença a reteve em casa, alguns anos a esta parte, esperava com ansiosa alegria que semanalmente lhe levassem a Sagrada Comunhão. Cristo era sua força e seu companheiro. Como entendia bem e melhor vivia a palavra de Jesus: "Eu sou o Pão vivo descido do Céu. Quem comer deste Pão viverão eternamente."
Quando surgiu a pandemia e deixou de ser possível levar Nosso Senhor aos doentes, ela nunca aceitou o facto e queixava-se com amargura.
Na altura das obras de restauro e conservação realizadas na Igreja Matriz, manifestou tanta vez a tristeza de não poder ir ver a "nossa Igreja" que amava profundamente.
Pessoa de trabalho - até para além das suas forças -, mantinha com o marido a sua pequena quinta num brinquinho. Aquele pequeno espaço fazia lembrar o paraíso blíblico. Ali gostava de receber os amigos com quem partilhava o que havia.
Muitos familiares encontram em sua casa acolhimento e dedicação sem resgatear esforços para que se sentissem bem.
Uma pessoa de oração, não só pela sua família, mas também pela paróquia e por todas as intenções que ela achava. Muitas vezes me disse: "Rezo todos os dias por si."
Era uma bela cozinheira. Então o bazulaque e a marrã cozinhados por ela, tornavam-se um "manjar dos deuses".
Porque é o único filho que ficou por cá, já que os outros partiram para governar a vida, o Eng. José Américo, tem sido de uma delicadeza, presença, dedicação e empenho notáveis. Os outros também fizeram o que puderam, mas este era o que estava por cá...

Até sempre, grande amiga!
Descansa na alegria dos braços do Pai.
Sei que continuas a amar-nos com o mesmo amor com que nos amaste em vida!

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