terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Grato a um mestre e amigo


Teve lugar neste último domingo, na Igreja Matriz de Tarouca, o lançamento do livro "SIMÃO PEDRO, Testemunho e memória do discípulo de Jesus Cristo", da autoria de Monsenhor Arnaldo Pinto Cardoso. Apresentou a Obra D. António Couto, Bispo de Lamego.
Década de setenta do século passado. O Concílio Vaticano II, que  terminara em meados da década de sessenta, trouxera uma verdadeira tempestade, bela e transformadora, não só à Igreja mas também ao mundo. O "Maio de 68" estava muito presente ainda. O 25 de Abril, lufada de ar fresco numa sociedade  a tresandar  de ranço.
Claro que foi na juventude, por definição, que todas estas realidades encontravam maior eco. Os jovens seminaristas do meu tempo não deixavam de ser jovens do seu tempo.
Foi neste contexto que chegou ao Seminário o P.e Dr. Arnaldo Cardoso, vindo de Roma onde fizera estudos especializados em Sagrada Escritura. Então um jovem sacerdote.
Para mim, este professor foi um autêntico mestre. E se perguntassem à maioria dos alunos, terminado o curso, em que área gostariam de se especializar, não duvido que a resposta seria: "Sagrada Escritura."
Mas a acção do Dr. Arnaldo foi muito mais além. Em cada sábado, pegava nos alunos mais velhos e reunia com eles para a preparação da liturgia de domingo. Nesse encontro era, claro, dada especial ênfase à homilia.  Nos encontros bíblicos semanais que realizava na cidade, levava consigo seminaristas para estarem junto dos leigos, aprenderem com eles, partilharem. Nos grandes encontros realizados na Casa de S. José, abertos às pessoas de toda a diocese, lá estavam seminaristas para animar, escutar, aprender, colaborar.
Muitas vezes presidiu à Eucaristia para alunos mais velhos. Também aí era diferente, porque a homilia baseava-se muito na explicação bíblica contextualizada e na aplicação da Palavra à nossa vida (segundo a ideia de Paulo VI: Bíblia numa mão e jornal na outra…).
Lançou com serenidade, persistência e determinação o Secretariado Diocesano da Juventude. Deu grande ênfase ao Dia Diocesano onde a comunidade diocesano se abria  à missão dos leigos na Igreja, numa colaboração com o Bispo de então.
Não esqueço uma cadeira que ele lecionou, Eclesiologia. O que eu aprendi e como gostei!
Pouquinho tempo depois de eu ter terminado o curso, o Dr. Arnaldo partiu para a Alemanha para fazer o seu doutoramento, seguindo depois o seu percurso de serviço à Igreja em Lisboa e na Embaixada de Portugal junto da Santa Sé. Vivendo presentemente em Lisboa, vai continuando também a escrever livros, o último dos quais indicado acima.
Enquanto estive na equipa de Mondim, o Dr. Arnaldo apareci nas férias de Verão para uma visita, pois os três o estimávamos muito. Amigos mesmo.
Porque a vida é o que é, há muito, muito tempo que não o via. De tal modo que, quando ele me contactou para lançar o seu último livro em Tarouca, apesar das muitas ocupações e preocupações, não hesitei em aderir. Fundamentalmente e antes de tudo, era uma forma prática de expressar a minha gratidão para com o mestre e o amigo.
Não deu para estarmos muito tempo a conversar, mas deu para nos vermos. Só isso foi muito bom.
Com a ajuda e a colaboração amiga de leigos desta comunidade, sinto que foi um belo momento cultural que foi proporcionado a quem quis estar presente. Gostei.
Obrigado por tudo, Mons. Arnaldo!

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