A vida, a nossa vida, tem diversas fases. Em cada uma delas alguém nos cuida ou cuidou. Eu não recordo propriamente como foram os primeiros tempos e primeiros passos da minha vida. Não recordo como foi a primeira fase da minha vida. Não tinha a consciência do que fazer. Alguém a tinha e teve por mim, e hoje sou muito do que fizeram da minha vida aqueles que dela cuidaram.
A minha mãe já faleceu e já está onde um dia quero estar, junto de Deus. O meu pai, por seu lado, está agora naquela fase da vida que precisa dos meus cuidados, dos cuidados dos filhos. Está naquela fase em que a consciência da vida já não é o que era. Não interessa aqui o que isso dói. Porque não há como medir a dimensão dessa dor e da impotência perante a situação. Dói simplesmente. Dói como se tivesse uma espinha cravada no coração e constantemente a sangrar. O que interessa é que chegou a hora de cuidar dele. A hora de recompensar tudo o que fez de nós aquilo que somos. Não há comparação para explicar o que recebemos dos nossos pais. Por isso não há medida para os cuidar. Não há medida, ou tempo a medir, ou disponibilidade a avaliar, ou quantidade de amor a realizar. Esta é a oportunidade que Deus nos dá para cuidar quem de nós cuidou, e para ajudar a ser mais quem nos fez ser o muito do que somos.
Escrevo, neste momento, a chorar e a sorrir. A chorar pela impotência e dor. A sorrir pelo dom que Deus me deu de cuidar quem de mim cuidou.
Fonte: aqui
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