Olá!
Chamo-me Doutora Virgulina Cornélia e adoro, adoro fofocar.
Já em criança, as santanárias das minhas colegas me chamavam coscuvilheira, metediça, intriguista. E o prazer que essas beatérias tinham em me acusar à professora!? Claro que não me safei de levar umas valentes reguadas que essa bruxa da professora não se fazia rogada... Coitada, era para esquecer a armação que trazia na cabeça! O marido não podia ver um bom rabo de saia, babava-se então todo aquele mijãozinho armado em D. Juan. E algumas lhe foram parar ao papo, mas não tantas como fazia crer por falta de unhas...
Ainda bem que casei com um homem que nunca quis que eu trabalhasse (também alguma recompensa tinha que ter, porque debaixo dos cobertores nunca foi grande coisa. E agora muito pior que a idade me perdoa. Resta-lhe um morto e duas testemunhas!). Mas empregada doméstica sempre tive e nunca me faltou tempo para as minhas conversas no café, no centro de saúde e no cabeleireiro. Sempre muito bem informada, felizmente.
Fico danada quando chego a algum lado e sou logo aviada. Primeiro tenho de descansar que aquela caminhada deixa-me exausta. Aproveito para pôr a conversa em dia e as novidades chovem de todos os lados, pois felizmente, sou bem conhecida.
Adoro quando me vêm com aquela "Amiga, isto é segredo, não dizes nada pelo amor de Deus". Tá bem, tá. Segredo? Credo! Até se me enovela o estômago só de pensar em guardar segredo. Claro que sei muito bem como desnovolear o estômago sem me expor. Basta que diga que "ouvi por aí", ou então que "se comenta" ou dando mais força "toda a gente diz"...
Acho piada àquelas pitosgas que me vêm só com aquilo que querem que eu divulgue para se vingarem ou expurgarem recalcamentos. Como aquela a quem o namorado pôs uns patins e que inventa tudo para o achincalhar. Até me veio dizer que nunca tinha tido nada com ele porque ele, coitado, era um coitado! Imagine-se! Aquela armada em virgem! Também é loira, pobrezinha! Mais loira do que a tinta aos montes que coloca no cabelo para parecer loira.
Há uns anos a esta parte, estou nas minhas sete quintas, olarilas! Fiz um curso de computadores e com a ajuda de umas amigas já me mexo bem na Internet. Criei um perfil no facebook, onde converso com as minhas amigas e amigos. Mas é nos blogues que me sinto como peixe em água, pois posso dizer tudo sem me expor, maravilha! Claro, sempre anónima ou então, para variar, um pseudónimo chamariz mas que sei que não me compromete. No facebook, tenho que ter mais cuidado para não me comprometer pois aí identificam-me.
Sou das que digo que, se temos língua, é para falar, até para ela não ficar atrofiada. Claro que as ressabiadas, quando não precisam de mim, chamam-me fofoqueira. Coitadas! Nem sabem o prazer que me dá uma boa fofoca! O importante é a gente preservar-se, mas nisto sou mestra.
Virgulina Cornélia dos Prazeres e Morais
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