quinta-feira, 25 de abril de 2013

D. Manuel Martins fala em «ditadura do medo»

Bispo emérito de Setúbal diz que país precisa de novo 25 de Abril e receia consequências do «desespero»
D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, alertou para a “ditadura do medo” que os portugueses estão a sofrer e pediu um novo “25 de Abril” capaz de promover a paz e a justiça no país.
“Não podemos esquecer que há muito desespero guardado, contido, em milhões dos nossos compatriotas. Ponho-me na pele deles, das pessoas que sabem que perderam o trabalho ou que o vão perder amanhã, que têm todos os seus compromissos sociais, familiares, a cumprir”, refere o prelado, em entrevista hoje publicada no Semanário ECCLESIA, dedicado ao tema da liberdade.
O antigo bispo de Setúbal fala em “cheiro a pólvora”, não de guerra, mas de “perturbação social”, lamentando que a relação “antagónica” que coloca “o povo contra o poder e o poder ignorando o povo.
“Nós vivemos numa ditadura e se não quisermos ir mais longe, temos esta à mão, que palpamos, que é a ditadura do medo”, precisa.
O prelado justifica a sua posição com a situação de quem julga ter “um trabalho constante e amanhã não sabe se o tem, por mais fixo que seja”.
“Nós vemos como é que as instituições estão construídas, as empresas que parecem mais sólidas de um dia para o outro caem. Ninguém está seguro”, realça.
D. Manuel Martins considera que “alguma coisa pode acontecer e pode não demorar muito tempo”, pedindo por isso “outro 25 de Abril” que procure “uma sociedade consciente e responsável”.
“Precisamos de um 25 de Abril que garanta a paz, que se baseie na justiça”, prossegue.
O bispo emérito de Setúbal abordou a atual situação portuguesa, nos 39 anos da revolução de abril, tendo como pano de fundo a vida e obra de D. António Ferreira Gomes (1906-1989).
O prelado é administrador da Fundação SPES, que procura manter viva a memória do falecido bispo do Porto.
“Todos os escritos que digam respeito à liberdade, à dignidade da pessoa e aos direitos humanos são de ontem, são de hoje e são de todos os séculos”, sublinha.
In agência ecclesia

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