As férias decorriam normalmente, Até que, de repente, um familiar meu sentiu dores fortes e persistentes. Dirigiu-se ao Centro de Saúde mais perto. O médico atendeu-o, examinou-o e receitou-lhe um antibiótico e um medicamento para a febre. Regressou a casa, mas as dores persistiam e intensificavam-se. Foi então levado para um Hospital central. Por sinal, e ao contrário do esperado, não havia muita gente à espera de ser atendida. Pelo caminho, o doente contactou a Linha de Saúde 24. Um tormento, dado o sofrimento do enfermo! Um questionário interminável e numa linguagem técnica incompreensível para o paciente, o que levava este a referir constantemente: "Não percebi!"
Ao chegar ao Hospital, foi logo atendido. Tempo depois é enviada para casa, apenas com um antibiótico diferente.
O sofrimento acentua-se. Torna-se insuportável. Regressa ao hospital. Então é descoberto o mal: uma apendicite. O doente quer regressar à cidade de residência, mas é aconselhado por profissionais de saúde a não o fazer. Seria muito perigoso, naquele estado...
É operado de urgência. Intervenção prolongada no tempo. E depois oito dias no hospital em recuperação, com os primeiros tempos a serem muito difíceis.
Felizmente, ao terminar o tempo de férias, ele também teve alta, regressando à residência habitual com os seus, continuando a recuperação satisfatoriamente.
Aquele hospital tem péssimas recordações também para mim. Há 11 anos, passei ali mais de 10 horas à espera que me tirassem um espinha da garganta.
Num Algarve onde se gastou uma fortuna com um estádio de futebol sem praticamente utilização pela modalidade, o Hospital central deixa muito a desejar a nível de estruturas. Não me parece, contudo, que tal justifique tudo. Houve erros humanos a mais que poderiam ter sido fatais.
O meu familiar não se queixou de funcionários e de enfermeiros. Já a comunicação médica deveria ter sido mais clara e presente, tanto para o doente como para a família.
Pelo que me aconteceu a mim há anos, pelo que sofreu o meu familiar no presente e pelo testemunho de pessoas, o Algarve é dos piores lugares para adoecer.
Há 11 anos, dizia-me uma enfermeira que no Verão quadruplicava a população no Algarve, mas o pessoal de saúde era o mesmo, pese embora a propaganda política em sentido contrário...
Por sinal, nesta mesma ocasião, outra pessoa da família realizou um intervenção cirúrgica programada noutro Hospital do país. Em si a operação correu bem, mas surgiram problemas, segundo informações, advinda do contexto da anestesiologia que preocuparam e que, neste momento, se estão a ultrapassar, felizmente.
A segunda parte das férias foi assim marcada pela preocupação, como diz o povo, "de coração nas mãos". Visitas ao hospital, telefonemas, mensagens, contactos...
Que para o ano seja melhor, bem melhor! Deus nos ajude.
Tal como a habitação, a saúde precisa de ser um desígnio nacional, sem dogmatismos e sem fundamentalismos ideológicos.
Precisamos de melhores estruturas de saúde. Precisamos cuidar, mais e melhor, do tesouro da vida.
Precisamos de mais médicos. Médicos que juntem competência e humanidade.
"O senhor Doutor, aquela pessoa distante, ser superior, algumas vezes intratável", tem que baixar à terra dos humanos e ser humano com eles.
O país investe imensos recursos na formação dos seus médicos. É natural que mantenha em relação a eles a exigência de compromisso, humana e cientificamente, irrepreensível.
Eu sei, todos sabemos, que há clínicos - muitos, muitos - extraordinários. Na dedicação, na competência, na humanidade, no serviço até ao limite. E mesmo estes podem errar, porque não são deuses.