domingo, 18 de maio de 2025

Eleições Legislativas 2025

Resultados Globais NACIONAIS 2025

 Resultados eleitorais, Concelho de Tarouca:


 Resultados eleitorais, União de Freguesias de Tarouca e Dalvares Tarouca:




O povo disse, está dito. É assim a vida democrática, felizmente.
A AD ganhou, como diria António Costa, por "poucochinho". Para uma coligação  que estava no poder, não foi uma boa maioria. Mas ganhar é ganhar! 
O PS teve uma derrota estrondosa que provocou de imediato a demissão do seu Secretário Geral, desencadeando a realização de eleições internas no PS.
O Chega teve uma subida grande, tendo, neste momento, o mesmo numero de deputados  que o PS, podendo até ultrapassá-lo com os votos da emigração.
O Bloco de Esquerda  teve uma grande derrota. Apenas uma deputada eleita.  Também a CDU perdeu um deputado. 
O Livre foi o único partido da esquerda à esquerda do PS que subiu, tendo agora mais deputados do que aqueles que tinha na anterior legislatura. À direita, a Iniciativa Liberal  elegeu mais deputados do que na legislatura passada.

Algumas notas pessoais:

1. Derrota para muitos comentadores políticos. Do alto do seu ego, desligado do sentir e pensar dos cidadãos,  fechados no seu "chiquismo" balofo, muito fizeram para impor a ditadura da sua opinião. Nas urnas, os cidadãos deram-lhes uma lição. Oxalá que tenham a dignidade cívica para aprender alguma coisinha! 
2. A coligação vencedora, AD,  tem, sozinha, mais votos do que toda a esquerda. O que obrigará esta a refazer-se a fundo, se quiser viver e ser alternativa.
3. Achei totalmente desagradável  a intervenção de Pedro Nuno Santo no momento em que anunciou a sua demissão. Que arrogância e agressividade! Parece que não aprendeu nada com a voz das urnas! O senhor parecia que ainda estava em campanha eleitoral... Um banho de humildade cívica precisa, para reconhecer os méritos de quem venceu, bem como o seu falhanço eleitoral. 
A verdadeira democracia demonstra-se no modo como se sabe vencer e se sabe perder.
4. Não é por ter tido uma grande subida eleitoral que o Chega deixa de ser Chega. Todos, cidadãos portugueses, temos que lembrar o velho provérbio que diz: "Quem bem fizer a cama, bem se deita nela."
Não é, por na Europa e no mundo a extrema-direita estar na moda, que a extrema-direita deixou de ser um perigo. Pensemos todos nisto antes  que seja tarde de mais. 
4. Tem agora a palavra o Presidente da República. Os cidadãos fizeram a sua parte. Entra agora em cena quem de direito.  Não queremos ser o país europeu campeão em eleições legislativas. Que governe quem o povo elegeu e que todos os partidos sejam democraticamente responsáveis e saibam colaborar para o interesse nacional.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Leão XIV é o novo Papa

Tarde de 8 de maio. Fumo branco na chaminé da Capela Sistina, no Vaticano. À 4ª votação, os cardeais elegeram o novo Papa: o Cardeal norte-americano, que também tem nacionalidade peruana, Robert Francis Prevost, de 69 anos, que escolheu o nome de Leão XIV.
Em primeiro lugar e como católico,  a minha comunhão com o novo Sumo Pontífice por quem rezo.
Espero que as primeiras palavras que dirigiu ao mundo: "A paz esteja com todos vós!" norteiam e sejam marcantes durante todo o pontificado. Paz e unidade dentro da Igreja. Paz no mundo. Paz entre povos e nações. 
Espero que as reformas iniciadas com o Papa Francisco  desçam ao terreno e sejam continuadas. 
Teria gostado muito que tivesse aparecido vestido  com a simplicidade com que apareceu Francisco.  Mas pode haver algo que me esteja a escapar e isso não signifique uma cedência ao conservadorismo. 
Parece uma pessoa  mais tímida, mas cada um é como é. Até me parecia bem que falasse mais raramente. Não é preciso poluir o verbo.  Importante é a palavra certa, dita de forma apropriada e no momento exato. 
Que sob Pedro e com Pedro, a Igreja caminhe sinodalmente. 

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Fiquei fora de mim...


Já lá vão bastantes anos. Ia fazer um trabalho pastoral a um povo. Decorria o Conclave para a eleição do novo Papa. Rádio do carro a funcionar. A emissão é interrompida para anunciar que surgira o "fumo branco", sinal da eleição do novo Papa. Paro o veículo fora da faixa de rodagem e espero, porque estava com tempo. Finalmente a noticia do eleito...

Fico fora de mim. Saio e passeio na via de um lado para outro. Aquela estrada quase não tinha movimento, por isso estava à-vontade. "Senhor, porquê!? Achas que é este tipo de Papa que a Igreja e o mundo precisam? O Espírito Santo meteu férias? Tanta gente a rezar, pedindo a luz do Espírito e Tu não ouviste nada!..." Enfim, uma revolta e um estado de nervos que nem vos conto nem vos digo.

Voltei ao carro e, sabendo que mais à frente havia um bica de água pura, andei e fui beber. Para afogar mágoas e na esperança de serenar.

Cheguei ao destino, ainda longe da hora marcada. Normalmente costumava aproveitar para falar com as pessoas, mas naquele dia, entrei logo na capela e ajoelhei diante do Santíssimo Sacramento. Uma vontade enorme de pedir perdão ao Senhor pela minha revolta, pois em vez de "seja feita a Vossa vontade assim na terra coimo no Céu", tinha barafustado com Deus por Ele não ter feito a minha vontade. E à medida que ali permanecia, uma paz e uma enorme serenidade me invadiram. Como é bom saborear a misericórdia e o carinho de Deus por nós!

Claro que, como muita gente, tenho cá dentro o meu desejo. Não gostava que fosse eleito alguém da linha tradicionalista, e e muito menos ultratradicionalista. Esta gente (Cardeais, Bispos, Padres, Leigos), pequeno número, é  barulhenta, gosta de estar na crista da onda e de dar uma ideia de grandeza numérica que não tem. Gostava, clara e decididamente, que fosse alguém da linha de Francisco. Talvez alguém que falasse menos. Quem está à frente, tem que falar pouco, mas bem e oportunamente. Se fosse o Cardeal Tagle, ficava contente, Senhor! Mas Tu e só Tu é que sabes . E ainda bem.
Só Deus sabes tudo! Quando foi eleito o Grande João XXIII, homem tido como da linha tradicionalista, alguém augurava que seria ele o despoletador da grande reformas da Igreja no nosso tempo, com o Concílio Vaticano II?!
Por isso, para lá dos gostos, opiniões, desejos, análises, sensibilidades, deixemos Deus trabalhar e abramo-nos à  surpresas divinas. 

Entretanto, rezemos: 
Senhor Jesus,
Antes de deixares o cenário deste mundo, disseste a todos os apóstolos:
“Eu estarei convosco, até ao fim dos tempos.”
Sentimos a Tua presença reconfortante e temos a certeza de que permaneces sempre ao leme da barca da Igreja e a guias com mão firme no meio das tempestades da história.
Neste momento de ansiosa expectativa, envia o Teu Espírito Santo, para que ilumine a mente dos Cardeais na escolha do sucessor de Pedro: que eles escolham aquele em quem pensaste e que designaste para guiar hoje o Teu rebanho.
Virgem Santa,
Tu que rezaste com os Apóstolos no Cenáculo e esperaste com eles a efusão do Espírito Santo;
reza connosco e por nós e obtém para nós o dom de um novo Pentecostes de fervor, de entusiasmo e de alegre obediência ao Evangelho de Jesus.
Amén.
(Cardeal Comastri)

quinta-feira, 1 de maio de 2025

O que me comprometo em memória de Francisco

1.

O corpo do Papa foi sepultado no sábado na Basílica de Santa Maria Maior, no centro de Roma.
Era o sítio onde Francisco se refugiava em oração. Acontecia quase sempre ao regressar de alguma viagem ou antes de um encontro ou decisão importante – o Santo Padre sentia a presença da Virgem Maria, a presença da Mãe que venerava.
Um dia passou por uma porta que levava a uma sala que guardava candelabros. Francisco pensou logo que seria ali, que era aquele o lugar onde ficaria.
2.
Não dentro do Vaticano, não na cripta, não em três caixões como era da norma, mas apenas num único caixão.
O caixão de um pastor, de uma pessoa como nós, de alguém que nunca quis deixar de ser um homem.
No sábado foi sepultado numa Basílica onde está guardada a memória de sete papas, o último dos quais Clemente IX, “adormecido” em 1699.
A cerimónia foi simples, a mais simples de que as nossas gerações terão memória.
3.
Tenho pensado muito sobre a sua vida, o seu exemplo.
Pensado acerca deste mundo perversamente desordenado, pensado no que nos deixou, no que sacrificou e arriscou.
Eu, católico não praticante.
Eu, sempre tão defensivo no comprometimento.
Eu, muitas vezes a defender-me de qualquer tipo de risco, a falar dos problemas e desafios sem meter as mãos na massa, sem arriscar.
Eu, tantas vezes desconfiado da Igreja Católica, dos pavoneios, do conservadorismo, das sombras de poder e dos vendilhões do tempo dentro da hierarquia, de muita da elite da Igreja Católica portuguesa.
Tenho pensado tanto em Francisco.
O mínimo que posso fazer é oferecer o melhor de mim, converter-me sem reticências.
Fazer as comunhões e comprometer-me com uma ideia de transcendência.
Vou fazê-lo em honra do legado que nos deixou o homem que agora repousa no centro de Roma, o nosso Francisco que finalmente pode estar perto das pessoas comuns que não podem ver atraiçoado o seu legítimo direito à esperança.