Cheio de entusiasmo, o compadre Joaquim contou ao compadre Manel que tinha comprado um porco lá para casa. Surpreendido perguntou-lhe:
- Não tens corte para ele. Onde o vais pôr?!
- Oh Joaquim! E o cheiro?
- O porco habitua-se!
Quando nos habituamos ao cheiro, estamos conversados. Assim vivem muitos católicos: habituados ao agradável odor (sabor) do pecado. Respiram-no sem tão pouco se darem conta e até o acham bom, prazenteiro! “Tempos novos, senhor padre. Temos de ser modernos!" Também na porcaria...
«O maior pecado de hoje é que os homens perderam o sentido do pecado.» (Pio XII) «A perda do sentido do pecado deriva em última análise da perda mais radical e profunda do sentido de Deus.» (Bento XVI) «Vejo a soberba humana, o perigo de perder o sentido do pecado, como a mediocridade cristã: a tentação de colocar o “poder humano” no lugar da “glória de Deus”, porque a salvação não depende da “astúcia” ou da capacidade de “fazer negócios”, mas da “graça de Deus”.» (Papa Francisco)
Há católicos a faltar sistematicamente à Missa ao Domingo e Dias Santos (alguns com responsabilidades diretas na liturgia!)… já estão habituados: “já não é pecado”! Há católicos a viver em união de facto ou casados civilmente e a comungar… já estão habituados: “já não é pecado”! Há católicos que oprimem, exploram e abusam dos mais frágeis… já estão habituados: “já não é pecado”! Há católicos que se abeiram da Sagrada Comunhão sem quaisquer condições, a tresandar miséria moral e espiritual… já estão habituados: “já não é pecado”! Há católicos que celebram o Natal ou a Páscoa pomposamente em suas casas sem porem os pés na igreja… já estão habituados: “já não é pecado”! Há católicos que vão à missa se a intenção for pelos seus defuntos, mesmo à semana, mas ao Domingo têm outras prioridades (caça, desporto, ciclismo, passeios, descanso, trabalho)… já estão habituados: “já não é pecado”!
Surpreendentemente (ou não), também não ouvimos os nossos pastores (padres e bispos) a denunciar estas condutas de pecado grave/mortal: “Amar a Deus sobre todas as coisas”; “Não invocar o santo Nome de Deus em vão”; “Santificar Domingos e Festas de Guarda”. Papagueiam amor, promovem festinhas e bazares (e sabe-se porquê), publicam programas e pasquins pastorais, alimentam os egos (pessoais e/ou dos escaparates sociais) e esquecem-se (não sabem?) que a Profecia se exerce tanto no anúncio como na denúncia. Este silêncio pode sempre ser interpretado de dois modos: «quem cala, consente» ou, então, como o compadre Joaquim, também eles já se habituaram ao cheiro. Isto também é hipocrisia, oportunismo, má-fé. Também cheira a pecado… grave.
(P. António Magalhães Sousa)
Fonte: aqui
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