domingo, 14 de abril de 2019

"Dão os que lá vão!"



Encontrou-me há dias na rua e falámos um pouco. Naturalmente veio à conversa a tragédia que se abateu sobre Moçambique, provocada pelo ciclone Idai.
A determinada altura, o meu interlocutor propõe com o ar mais convicto do mundo:
- O sr. devia fazer um peditório na Igreja para aquela pobre gente.
Olhei para o homem, sorri e retorqui:
-  Que me conste, o senhor nem vai à Missa…
- Mas dão os que lá vão - respondeu.


Sem comentários.
«Os doutores da Lei e os fariseus atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar. " (Mt 23, 1.4)


É fácil propor coisas para os outros fazerem desde que tais coisas não mexam connosco.
É fácil propor exigências aos outros desde que tais exigências não nos afetem.
É fácil exigir intervenção solidária aos outros desde que não toque no nosso bolso.
É fácil olhar para a Igreja como uma ONG humanitária desde que intervenha quando a pessoa acha que deve intervir.
É fácil criticar instituições da Igreja porque  uma pessoa qualquer acha devia ajudar mais do que ajuda.


Mas quem critica, o que faz? Que iniciativas toma?


Difícil é permanecer na comunidade, sentir-se membro ativo e empenhado na celebração, na pastoral, na evangelização, na caridade.
Difícil é "dar o corpo ao manifesto", sem estar sempre à espera que os outros façam.
Difícil é comprometer-se numa acção, em vez de estar sempre a dar sentença sobre o modo como se deveria fazer.
Difícil é seguir Jesus, comprometidos com Ele e por Ele na construção de um mundo novo que passa também por cada um ter um coração novo.

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