quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Obrigado, P.e Zé Matias!

Natural de Lamelas, Castro Daire, nasceu em 26 de março de 1951. Faleceu 30 de outubro de 2025.
Frequentou os Seminários Diocesanos e foi ordenado sacerdote em 8 de janeiro de 1977. Depois do estágio pastoral, realizado com o P.e Bouça Pires nas Paróquias de Fontelo, Aldeias e Parada do Bispo, foi nomeado responsável pelo Secretariado Diocesano da Juventude e, posteriormente, transferido para as Paróquias de Mondim da Beira, Dalvares e São João de Tarouca em outubro de 1978. Ali já era Pároco o saudoso P.e Ramos. Neste mesmo mês, juntou-se aos dois o estagiário Carlos Lopes. Após a ordenação sacerdotal deste último, o senhor Arcebispo, D. António de Castro Xavier Monteiro, mantém a equipa sacerdotal, alargando espaço pastoral com as Paróquias de Vila Chã da Beira, Cimbres e Várzea da Serra. Pouco tempo depois, o espaço pastoral alarga-se às Paróquias de Ucanha e Gouviães.
Em outubro de 1988, em virtude de ter sido confiada à equipa sacerdotal a povoação de Vila Chá do Monte, até então com pároco próprio, o senhor Bispo aceita que a mesma equipa seja libertada das Paróquias de Vila Chã da Beira e de Cimbres.
Em 1991, o P.e Matias fica com Várzea da Serra para onde vai residir e, simultaneamente, responsável pela tipografia diocesana. O P.e Carlos vai para a Paróquia de Tarouca. Desde então e até ao seu falecimento, o P.e Ramos ficou sozinho com a paroquialidade de Mondim da Beira, Dalvares e Ucanha.
O P.e Zé Matias era uma pessoa prática, decidida, determinada. Desde que se convencesse que algo tinha de ser feito, era para fazer e pronto.
Na divisão de trabalhos pelos padres da equipa sacerdotal, a ele cabiam, especialmente, a pastoral jovem e as obras.
No âmbito da ação juvenil, fundou o jornal Sempre Jovem, que dirigiu até que a doença o impediu. Era um mensário, de âmbito concelhio. A historio do concelho das últimas décadas não poderá fazer-se sem as páginas deste jornal. Muitos dos jovens dos diferentes grupos sentiram e viveram a dinâmica comunicativa através e pelo Sempre Jovem.
Em Várzea da Serra, a sua ação foi clara e abrangente, desde a Criação e manutenção do Lar, passando por obras nos templos, continuando com o seu envolvimento na promoção de melhor qualidade de vida da população. Por isso, a Junta de Freguesia lhe entregou a Medalha de Ouro.
Era uma pessoa disponível para quem o procurasse com reta intenção. Conseguia colocar-se na "pele das pessoas" e ajudá-las, disponibilizando-se ele mesmo e aos seus meios para esse efeito.
Não faltava à colaboração estabelecida com os outros colegas. Foi também arcipreste.
Foi professor no Ensino Público onde desempenhou as mais diversas tarefas.
Desde 2019, por motivo de doença, estava afastado do trabalho pastoral.
Dos três "padres capadócios", como dizia o D. Jacinto, que residiram em Mondim, resta apenas o "mais ruim dos três", o autor deste testemunho. Com as maleitas que a idade acarreta, mas ainda em serviço... até que Deus diga...
Tenho a certeza absoluta que o P.e Matias, agora na Mão do Deus, não nos esquece junto do Eterno e a Ele intercederá pelos familiares, pelos paroquianos, pelos amigos , pela Igreja e pelos antigos colegas de equipa.
Que descanses em Deus, amigo!
Aquele abraço em Deus!

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Primeira saudação de D. Pedro Fernandes , novo Bispo de Portalegre e Castelo Branco. Frescura na forma e no conteúdo


Nunca tinha visto um padre que, após a nomeação episcopal, tivesse aparecido a falar às pessoas  sem o famoso cabeção. Os clericalistas e tradicionalistas devem estar a morder os lábios! ... ahahhah. Não há problemas, é por uma boa e sadia causa!
Gostei da mensagem.  Pareceu-me fresca, sentida, alegre, confiante, desafiante. Com cheiro a Evangelho.
Parabéns, D. Pedro!
Parabéns, Diocese de Portalegre e Castelo Branco. Boa caminhada para e com todos, todos, todos!

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Neste novo ano futebolístico, ainda não me pronunciei sobre o "meu" Porto...

Sou portista. Gosto imenso de o ser. Mesmo quando o portismo me deixa muito mal disposto...
Acompanho alguns espaços virtuais onde se fala, se debate e se analisa os jogos do Futebol Clube do Porto. Nem sempre concordo. Algumas intervenções  tiram-me  do sério, pelo sectarismo, pela clubite fundamentalista e pela visão de inimigos em todos os lados. 

Não sou daqueles portistas que vêm nos árbitros a origem das  desgraças do Porto, embora no último jogo me pareça claro um penalti cometido por  António Silva sobre Deniz Gül. Onde esteve o Var?  Sou daqueles portistas que alinham na crítica contundente à comunicação social, mormente a do sul, pela sua parcialidade, ausência de independência e desigualdade no tratamento dos assuntos dos clubes. Basta ver  a antena dada ao Benfica e a dada ao Porto... É gritante a desigualdade. Também acho desprezíveis a insinuação, a suspeita,  verborreia bélica, etc.

As duas últimas épocas futebolísticas do FCP foram horríveis, e a última  de gritar aos céus... 

Pelos projetos apresentados, os reforços adquiridos, a limpeza de balneário efetuada,  a eficácia na saudável construção da realidade económica, pelas orientações apontadas, esperava vivamente uma melhor época.

Não conhecia o treinador quando ele aqui chegou.  Felizmente pôde realizar a pré-época de forma serena, com a maioria dos reforços.  Confesso que me surpreendeu. Desde os amigáveis até aos primeiros jogos a sério, o Porto foi uma agradável surpresa. Equipa unida, determinada, pressão alta, segurança defensiva, vitórias. Estava de volta o bom e velho Porto. O coração escancarava-se à esperança de uma boa época. O título parecia estar mais perto do que suposto. 

Apareceu o Benfica... Para um portista é sempre um jogo em que o empate sabe a derrota. É um jogo especial.

Pela primeira vez, o treinador Francesco Farioli me desiludiu.

A gente está sempre a aprender, até no futebol onde a emoção quer andar à frende da razão. Na hora certa, no momento único para o portismo, o novo técnico demonstrou que ainda não é um grande treinador, é um razoável treinador.  A sua conferência de imprensa no fim do jogo confirma isso mesmo. Vale que ele é um jovem treinador e certamente vai crescer muito. Parecia que ele já interiorizara o "ser porto", mas ontem revelou que não.  Com o Benfica só pode ser: ganhar, ganhar e ganhar. Não soube responder à postura defensiva da equipa de Mourinho, não soube arranjar um plano diferente... Deixou de fora o nosso mais virtuoso atleta - o Mora - que teria que jogar muito mais para tentar abrir aquela defesa compacta encarnada.  E o Porto empatou. Dizem alguns: "ai, tivemos mais oportunidades do que o Benfica!" Pudera, não jogámos em casa? Outros: "Mas em 6 dias fizemos seis jogos!" Verdade. Mas tivemos mais tempo para a pré-epoca do que eles e não fizemos tantos jogos como eles tiveram que fazer. Além disso, não mudámos de treinador. 

O que mais me aborrece no mundo portista são as desculpas. Ele é o árbitro, ele á Federação, ele é a Liga, ele é os clubes da segunda circular, ele é a comunicação. É verdade, há fatores externos adversos. Mas nem por um instante podemos deixar de ser exigentes com a nossa equipa, o nosso treinador, a nossa estrutura. É que só assim progredimos.

Este jogo foi um banho de humildade e de realismo para todos nós, portistas. Não temos tão bom treinador como pensávamos; a nossa equipa não tem a categoria que julgávamos, faltam bons jogadores; as coisas precisam de tempo. Depois das últimas 2 épocas, não se pode ter tudo de um momento para outro...Vamos com calma, chegaremos lá!!!

Mas será bom que Farioli, acima de tudo, aprenda - e muito - com o jogo de ontem!!!

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

"Onde termina o pecado?"

O mundo pune.

A Igreja, às vezes, imita o mundo — com toga de ouro e olhos fechados.

Mas Jesus não veio para punir.
Veio para amar até o fim.
Veio para sentar-se à mesa com pecadores, para abraçar quem já não se aguentava de vergonha.

Há pecados que são crimes, e crimes que destroem vidas.
Mas nenhum pecado é maior que a misericórdia de Deus.
Nenhum.

O que fazer com quem errou feio, sujou o nome de Deus e feriu os pequenos?
Mandar embora, afastar, esquecer?
Ou abrir um caminho estreito, difícil, exigente — mas possível — de arrependimento e renascimento?

Justiça sem misericórdia é vingança.
Misericórdia sem verdade é mentira.
Mas quando as duas se encontram, o Evangelho acontece.

O inferno começa onde termina a possibilidade de recomeço.
E a Igreja, se quiser ser de Cristo, não pode fechar essa porta.

Carlos Lopes