sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Entrevista-biografia do Papa Leão, que saiu esta quinta-feira em livro, no Peru

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“A curto prazo” não será de esperar qualquer reforma sobre a doutrina da Igreja a respeito do papel das mulheres na Igreja Católica e ao acolhimento de católicos que se assumem como LBTQI+"
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Quando a entrevistadora o confronta com a possibilidade de ordenação de mulheres diáconos, um tema que foi objeto de debates nas sessões de 2023 e 2024 do recente Sínodo e proposto por diversas igrejas locais, o Papa afirma que “não tem qualquer intenção de mudar o ensinamento da Igreja sobre o assunto” a curto prazo.
Ao mesmo tempo, nesta que é a sua primeira entrevista desde que foi eleito em maio deste ano, Leão diz desejar “continuar no caminho” do Papa Francisco, seu antecessor, “nomeando mulheres para cargos de liderança em diferentes níveis da vida da Igreja
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Sobre eventuais alterações doutrinárias relativamente a questões de género ou de novos modelos de família, como o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o Papa Leão reconhece tratar-se de problemas “sensíveis e polarizadores”, cabendo-lhe a ele não “incentivar a polarização dentro da Igreja”.

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Relativamente ao acolhimento das diferentes realidades e das pessoas que as vivem, o novo Papa afirma partilhar do espírito de Francisco, quando, na Jornada Mundial de Juventude, de Lisboa, enfatizou a ideia do acolhimento a “todos, todos, todos”, mas sem que tal implique mudanças na doutrina estabelecida. “Estão todos convidados, mas não convido ninguém pela sua identidade particular”, enfatiza.

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O modelo da família tradicional – “pai, mãe e filhos” – cujo “papel, por vezes, sofreu nas últimas décadas, deve ser reconhecido e fortalecido de novo.”

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A entrevistadora coloca-o perante os problemas dos abusos e violências, nomeadamente sexuais, perpetrados por membros do clero. Nesta frente, Leão XIV considera que a instituição que governa deve continuar a apoiar as vítimas com “genuína e profunda compaixão”, entendendo, contudo, que a questão “não pode tornar-se a prioridade da Igreja”.

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Leão XIV lembra que a crise foi agudizada com a paragem de uma das grandes fontes de financiamento – os museus do Vaticano, devido à pandemia. Porém, acrescenta o bispo de Roma, as viagens e as visitas foram retomadas e a normalidade foi-se instalando. Acresce que, neste ano jubilar, se tem registado um aumento do número de turistas, tudo convergindo para uma melhoria da situação.

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Elevador da glória!


Às vezes, sem querer,
a vida, entre subidas e descidas,
descarrila e pode conhecer a morte.
Hoje o nosso coração sofre com a tragédia
da morte de 15 irmãos e irmãs,
e do sofrimento de tantos,
em consequência do acidente
com o "elevador da glória",
ali no coração alto de Lisboa.
Peço a Deus,
que eleve à sua glória
aqueles que a morte
reconduziu até Ele,
numa viagem desastrada.
Rezo a Deus
pelos que prontamente
acudiram ao lugar,
para salvar vidas
ou se voluntariam nos hospitais
para salvar o maior número possível.
Ámen.
Amaro Gonçalo, Facebook

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Há lugares onde é mais perigoso adoecer

 
As férias decorriam normalmente, Até que, de repente, um familiar meu sentiu dores fortes e persistentes. Dirigiu-se ao Centro de Saúde mais perto. O médico atendeu-o, examinou-o e receitou-lhe um antibiótico e um medicamento para a febre. Regressou a casa, mas as dores persistiam e intensificavam-se. Foi então levado para um Hospital. Por sinal, e ao contrário do esperado, não havia muita gente à espera de ser atendida. Pelo caminho, o doente contactou a Linha de Saúde 24. Um tormento, dado o sofrimento do enfermo! Um questionário interminável e numa linguagem técnica incompreensível para o paciente, o que levava este a referir constantemente: "Não percebi!"

Ao chegar ao Hospital, foi logo atendido. Tempo depois é enviada para casa, apenas com um antibiótico diferente.

O sofrimento acentua-se. Torna-se insuportável. Regressa ao Hospital. Então é descoberto o mal: uma apendicite.  O doente quer regressar à cidade de residência, mas é aconselhado por profissionais de saúde a não o fazer. Seria muito perigoso,  naquele estado...

É operado de urgência. Intervenção prolongada no tempo. E depois oito dias no hospital em recuperação, com os primeiros tempos a serem muito difíceis.  

Felizmente, ao terminar o tempo de férias, ele também teve alta, regressando à residência habitual com os seus, continuando a recuperação satisfatoriamente. 

Aquele hospital tem péssimas recordações também para mim. Há 11 anos, passei ali mais de 10 horas à espera que me tirassem um espinha da garganta.

Num Algarve onde se gastou uma fortuna com um estádio de futebol  sem praticamente utilização pela modalidade, aquele Hospital  deixa muito a desejar a nível de estruturas.  Não me parece, contudo, que tal justifique tudo. Houve erros humanos a mais que poderiam ter sido fatais. 

O meu familiar não se queixou de funcionários e de enfermeiros. Já alguma comunicação médica deveria ter sido mais clara e presente, tanto para o doente como para a família. 

Pelo que me aconteceu a mim há anos, pelo que sofreu o meu familiar no presente e pelo testemunho de pessoas, o Algarve é dos piores lugares  para adoecer. 

Há 11 anos, dizia-me uma enfermeira que no Verão quadruplicava a população no Algarve, mas o pessoal de saúde era o mesmo, pese embora a propaganda política em sentido contrário...

Por sinal, nesta mesma ocasião, outra pessoa da família realizou um intervenção cirúrgica programada noutro Hospital do país. Em si a operação correu bem, mas surgiram problemas, segundo informações, advindos do contexto da anestesiologia,  que preocuparam e que, neste momento, se estão a ultrapassar, felizmente. 

A segunda parte das férias foi assim marcada pela preocupação, como diz o povo, "de coração nas mãos".  Visitas ao hospital, telefonemas, mensagens, contactos...

Que para o ano seja melhor, bem melhor! Deus nos ajude.

Tal como a habitação, a saúde precisa de ser um desígnio nacional, sem dogmatismos e sem fundamentalismos ideológicos. 

Precisamos de melhores estruturas de saúde. Precisamos cuidar, mais e melhor, do tesouro da vida. 

Precisamos de mais médicos. Médicos que juntem competência e humanidade.

"O senhor Doutor, aquela pessoa distante, ser superior, algumas vezes intratável", tem que baixar à terra dos humanos e ser humano com eles. 

O país investe imensos recursos na formação dos seus médicos. É natural que mantenha em relação a eles a exigência de compromisso, humana e cientificamente, irrepreensível. 

Eu sei, todos sabemos, que há clínicos - muitos, muitos - extraordinários. Na dedicação, na competência, na humanidade, no serviço até ao limite. E mesmo estes podem errar, porque não são deuses.