domingo, 26 de setembro de 2010

Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?

Ouvi em tempos a um conferencista que, no geral, os portugueses se acham "doutores" em três aspectos:
- Futebol
- Família
- Política
E eu acrescentaria outros: construção e religião.


Imagino o sorriso sarcástico, o encolher de ombros, o manear de cabeça, tanta vez até a revolta, de um treinador, um perito em família, um verdadeiro político, um arquitecto ou engenheiro, um teólogo ao ouvirem as pessoas falar com ar catedrático daquilo que não sabem, pensando que sabem. De facto a ignorância sempre foi atrevida...
Já diz a sabedoria popular: "Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?"


Nem todos são bons em alguma coisa; poucos são os peritos em alguma coisa; ninguém é perito em todas as coisas. Aliás os verdadeiros sábios tem a grandeza humilde de confessar: "Só sei que nada sei."


Como dizem os jovens, urge "cair na real." Há que ter a dignidade de reconhecer as limitações e a humildade de querer aprender com quem realmente sabe. Até por uma questão de respeito para connosco próprios: evitar dizer disparates para não nos expormos ao ridículo.
Querer e gostar de aprender é fantástico; sentir que não se precisa de aprender porque se acha que se sabe tudo é ridículo.


No futebol são conhecidos os chamados "treinadores de bancada". Ai do treinador e da equipa que siga atrás dessas opiniões! Desce de divisão pela certa.
Então na família, nem lhes conto nem lhes digo... Cada família julga que sabe tudo, nada precisa de aprender e demonstra alergia por qualquer proposta de reflexão ou de formação. Os resultados estão à vista de todos!
Na política, embora os políticos sejam alguém a quem as pessoas recorrem porque precisam, mas estejam sempre debaixo do fogo da desconfiança, as opiniões são muitas vezes sectárias, moldadas pela partidarite, influenciadas pelo individualismo, despojadas da ideia de bem comum, vazias de conhecimentos.
Na construção, toda a gente se acha engenheiro e arquitecto. E tanta vez as opiniões roçam o desprezível e o atentatório ao bom gosto, atentam contra a solidez do edifício, ignoram a visão do todo e o resultado final.
Na religião, ui! É cá cada sentença de fazer miar um elefante!!! Cada bufarada de tirar o fôlego ao mais impávido dos entendidos! E se alguém convida para um curso de formação, a resposta vem como um relâmpago: "Isso? Não preciso. Sei mais do que quem dá o curso!"


Aprender até morrer. Sempre.

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