quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"Hoje não se pode ter telefone fixo!"

São muitas as pessoas que se queixam disto mesmo. "Não se pode ter telefone fixo".
Além dos interesses comerciais que volta e meia nos invadem e nos chateiam, existe uma uma apetência  acentuada para peditórios via telefone. A crise acentua esta tendência.
Mas a situação não é fácil. É que a crise existe para todos. Por outro lado, subsiste sempre a dúvida: 'Quem estará realmente do outro lado da linha? Que interesses obscuros se poderão esconder sob as palavras mansas e chorosas que nos chegam?'
Mesmo que as situações sejam reais, não é possível socorrer a todos, ainda que com pouco.

Por normas, estes pedidos de auxílio vêm do litoral. É a este interior despovoado e pobre que o litoral rico se dirige. É a este interior, abandonado e carenciado, tantas vezes entregue à sua sorte, que o litoral, que tão pouco solidário é em termos de desenvolvimento, agora bate à porta.
Eu sei que quem mais ajuda os pobres são os pobres. Mas não tornemos as injustiças sociais ainda mais flagrantes. É no litoral que estão as grandes fortunas, as carteiras cheias, as empresas, os grandes comércios e os mais importantes serviços. Como diz o povo, no litoral é que "está a massa..."

Assinalo ainda um fenómeno generalizado. A tendência para bater e rebater à portas das Igrejas e dos cristãos praticantes. Perante um problema, uma necessidade grave de uma pessoa ou de uma instituição, a saída que imediatamente surge é esta: bater à porta dos padres, das Igrejas e dos praticantes.
Ora estes são os que mais dão. Já bastam as múltiplas causas e peditórios para que são convocados ao longo do ano. Ao sobrecarregá-los com a mais variada gama de peditórios, voltamos ao mesmo: acentua-se a desigualdade social. Por que razão hão-se ser sempre os mesmos a dar para tudo?
A solidariedade nasce da nossa humanidade. Se todos somos HUMANOS, todos somos chamados a ser SOLIDÁRIOS, crentes ou não.
Penso até que aqueles que não frequentam as Igrejas, têm mais obrigação de contribuir, porque são muito menos solicitados pelos vários peditórios para os quais os praticantes são convocados.
Trata-se, a meu ver, de uma questão de justiça.

Depois é interessante. Muitos quando falam da Igreja e dos católicos é só para denegrir, atacar, lançar na cara pecados, verdadeiros ou fictícios, enxovalhar. Mas na hora das apertadinhas, a quem se dirigem primeiramente é a eles...
Os cristãos já dão e querem continuar a dar. Dirijam-se antes àqueles que não dão. Incomodem-nos, despertem-nos, desinstalem-nos!

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